Em Sessão Solene na Câmara, homenageados destacam as lutas dos jornalistas cearenses

A Câmara Municipal de Fortaleza realizou, nesta terça-feira (30), Sessão Solene em homenagem aos 64 anos do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Ceará (Sindjorce). O evento foi proposto pela vereadora Eliana Gomes (PCdoB), através do requerimento 12106/2017, aprovado por unanimidade pelo plenário da casa. A sessão foi presidida pelo vereador Acrísio Sena (PT), no ato representando o presidente Salmito Filho (PDT). Acrísio subscreveu o requerimento da homenagem, ao lado o vereador Guilherme Sampaio, também do PT.

A mesa dos trabalhos foi composta pelas seguintes personalidades: Luís Carlos Paes, presidente estadual do PCdoB; Rafael Mesquita, diretor de Educação da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ); Carolina Campos, jornalista do Portal Vermelho do Ceará e homenageada desta noite; Samira de Castro, jornalista do Diário do Nordeste e presidente do Sindjorce, outra homenageada da noite; Emília Augusta, assessora de imprensa da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado, também homenageada; Miguel Macedo, professor do curso de Jornalista Uni7, o quarto homenageado e a Vereadora Eliana Gomes, propositora da solenidade.

Trajetória de lutas

Em suas palavras de saudação aos presentes, a vereadora Eliana Gomes, observou que o Sindjorce foi criado em 26 de maio de 1953, fruto da antiga Associação dos Jornalistas. “Desde então, o sindicato viveu 22 processos eleitorais, com 27 presidentes democraticamente eleitos. Foi o primeiro sindicato do Brasil a eleger uma mulher – Ivonete Maia, que foi aluna da primeira turma do curso de jornalismo do Ceará. A entidade vive uma trajetória de lutas e com compromisso com a categoria, com a ética, com a transparência, que são pontos que queremos para nosso país. Como resultado do processo sindical, depois de 10 anos de combate às violações de direito, conseguiu vencer na Justiça um processo que deu direito aos jornalistas de TV, que haviam sido contratados como radialistas, o seu reenquadramento. Temos ainda outra grande luta travada pela organização que é a defesa do diploma de nível superior para exercer a profissão”, disse a vereadora.

Segundo Eliana, o Sindicato sempre tem se colocado firme diante da conjuntura atual, diante de um golpe de direitos, tramado no Congresso Nacional e de desmonte dos direitos dos trabalhadores. “O Sindicato escreve a história, reconstruindo o retorno a democracia em nosso País. E viva os jornalistas, e viva o Sindjorce. Quero terminar com uma só palavra ‘Fora Temer’, para o país avançar!”, finalizou a parlamentar.

Pilar da democracia

Após a entrega das comendas, a jornalista Samira de Castro falou em nome dos homenageados. “É com grande satisfação que o Sindicato recebe essa homenagem. Eu tomei uma decisão de não cantar o hino nacional enquanto o país não tiver sua democracia retornada. Considero a retirada da presidente legitimamente eleita, uma barbárie. Mas entendo que devemos lutar para colocar o jornalismo como pilar da democracia. Não podemos aceitar o que querem fazer com o Brasil. Além de acabar com os direitos dos trabalhadores, querem acabar com os sindicatos e com a Justiça do Trabalho. Motivei-me mais a estar na luta com meus colegas para continuar nesse trabalho de resgate. Por minha atuação sindical, eu hoje sou impedida de entrar na redação do Diário do Nordeste, como também a jornalista Déborah Lima, no jornal O Povo. Mas isso não afeta nosso propósito”.

“Passamos 10 anos lutando contra a emissoras de televisão para o correto enquadramento dos nossos colegas na televisão e hoje eles estão recebendo indenizações merecidas. O jornalismo cearense é um dos mais premiados e temos profissionais renomados, mas nossa categoria não é reconhecida. O que vejo é que todo nosso trabalho poderá ser colocado de lado se não derrubarmos essas reformas. Faço, agora, uma homenagem ao ex-senador Inácio Arruda, relator da PEC do Diploma, que foi aprovada no Senado, mas nunca foi colocado em votação na Câmara. E em nome e cada um dos presidentes que me precederam, agradeço a homenagem e quero dizer a todos os colegas que estão nas redações, nas assessorias e nas bancas de universidades, que é por eles que o Sindicato existe”, concluiu.

Homenageados agradecem

O jornalista Miguel Macedo se pronunciou, em seguida, e disse que concedeu uma entrevista quando falou da relação da formação do jornalista hoje com a situação atual do país. “Lembro do meu tempo de faculdade na UFC, quando eu refletia isso com os grandes professores como Ivonete Maia e Adísia Sá. Eu já via essa importância e que deveríamos exercer no dia a dia a fiscalização e a manutenção da democracia. Parabenizo os tantos jornalistas anônimos que tanto fizeram por nossa classe. Lembro que quando decidiram pelo fim da obrigatoriedade do diploma, minha filha que era estudante chegou em casa chorando perguntando o que faria com o diploma, se jogaria no lixo. Eu disse que não, que ela iria emoldurá-lo e exercer a profissão com dignidade, e é isso que ela está fazendo hoje”, concluiu.

E seguida a jornalista Emília Augusta disse ser grata pela homenagem, principalmente por vir de uma mulher batalhadora, como Eliana Gomes. “O Sindicato é uma entidade de muita luta. Participamos de greve e movimentos e todo esse trabalho sindical precisa ser incentivado nas universidades para que as pessoas possam fortalecê-lo. Participo da histórica Associação Cearense de Imprensa, e vejo que temos que trabalhar juntos para melhorar nossa situação. Nesses mais de 40 anos de profissão tenho orgulho e me sinto feliz em ser jornalista, mas precisamos fazer com que nossa profissão seja fortalecida, cada vez mais”, observou.

Carolina Campos também se pronunciou afirmando que além da honra de ser citada e de representar uma categoria, diante desse atual cenário que vivemos hoje, entende que o jornalismo é um sacerdócio. “Pensei em fazer um recorte das mulheres que passaram por minha vida, todas de luta, como Tânia Furtado, Déborah Lima, Suzete Nocrato, Samira de Castro, Eliana Gomes e Gilse Conseza, entre outras, a elas minha sincera homenagem”, finalizou.

Agenda de Lutas nos 64 anos

A solenidade na Câmara Municipal encerrou a agenda de celebração dos 64 anos do Sindjorce, que teve como temática: “64 anos de luta e resistência pelo Jornalismo e pelos Jornalistas”.

A programação iniciou no dia 20 de maio com o seminário “A reforma da Previdência e o impacto na categoria dos jornalistas”. A atividade teve participação da professora Evania Severiano e do vereador de Fortaleza, Iraguassu Filho.

Na oportunidade, o parlamentar frisou que a reforma da Previdência é um severo ataque à classe trabalhadora. “A conjuntura política não permite que essas mudanças sejam deliberadas ou sequer discutidas. O governo Federal que está aí hoje não tem nem condições de gerir a própria cozinha do Palácio do Planalto”, destaca Iraguassu.

Já Evania falou que a proposta de reforma da Previdência é um castigo para os trabalhadores, porque os obriga a contribuir por muito mais tempo para, ao final, receber um valor menor que a regra atual. Disse ainda que a Previdência não é deficitária, mas sim superavitária.

Já no dia 26, o tradicional bate-papo da categoria realizado no projeto ‘Café e memória do jornalismo cearense’, realizado no Espaço Cultural Sindbar, recebeu a celebração festiva do aniversário da entidade, marcado também pelo natalício dos jornalistas Rafael Mesquita e Lucia Estrela, que fazem parte da diretoria da organização sindical. Regado a muita música, o evento contou com a apresentação do DJ e jornalista Glaymerson Moises e sua “Disco Trash”.

Além de receber alguns dos fundadores na festividade, o Sindjorce apresentou entrevista em vídeo com o também criador e primeiro presidente do sindicato, Paulo Bonavides, 92 anos. Ao receber a presidente do Sindicato, Samira de Castro, no dia 27, o jurista e jornalista reiterou a necessidade de representação sindical em defesa da categoria e da democracia.

De acordo com Bonavides, “numa festa comemorativa como essa (64 anos do Sindjorce), o Ceará deve ser prezar por ter tido uma imprensa que lutou bravamente contra os excessos e o arbítrio das ditaduras e das violências contra a livre expressão do pensamento”. “Eu envio essa palavra de apoio, de conforto e de solidariedade aos meus amigos, aos meus colegas, aos meus confrades dessa gloriosa associação de classe”, completou.

Com informações da CMFor e do mandato da vereadora Elina Gomes

Fotos: André Lima

 


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