Empoderamento político e econômico das mulheres é o tema do 8º encontro do Curso Dandara

No Brasil, o racismo e o sexismo – que estruturam os padrões de desigualdade social -vulnerabilizam as condições de vida das mulheres, em especial mulheres negras e indígenas. Em geral, elas estão concentradas em empregos com alto déficit de trabalho decente. Muitas delas não têm acesso a serviços de saúde de qualidade, água potável e saneamento básico.

Para as mulheres, tomar posse da sua autonomia e liberdade de decisão significa desafiar as estruturas de poder e opressão ás quais estão submetidas. Nesse contexto, segundo a ONU Mulheres, o empoderamento, associado ao comprometimento coletivo com a luta por equidade, pode ser o primeiro passo para a consolidação de estratégias de defesa dos direitos das mulheres com potencial de transformação das relações de poder.

Para falar sobre “Empoderamento Político e Econômico das Mulheres”, o Curso Dandara dos Palmares – Gênero, Raça e Etnia na Comunicação, traz ao seu oito encontro as seguintes palestrantes: Larissa Gaspar, vereadora de Fortaleza (PT); Augusta Brito, deputada estadual (PCdoB) e Procuradora Especial da Mulher na Assembleia Legislativa do Estado; Kelma de Iemanjá, integrante da Rede Aioká de Economia de Terreiro; e Patrícia Bittencourt, integrante da Rede Kilofé de Economia de Negras e Negros. A aula inicia às 18h, no auditório do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce).

“A sub-representação das mulheres nos espaços de decisão política continua sendo alarmante. Ainda que vigore a lei de cotas, garantindo um percentual de 30% das vagas para candidaturas femininas nos partidos políticos, as mulheres brasileiras continuam enfrentando barreiras impostas pelo sexismo, pelo racismo e pelo etnocentrismo, o que nos coloca em desvantagem nas disputas eleitorais”, avalia a diretora de Comunicação do Sindjorce e 2ª Vice-Presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro.

A dirigente sindical reforça que boa parte da mídia tradicional hegemônica não relacionou o golpe cometido contra a primeira mulher eleita presidenta do país como uma ação eivada de machismo, sexismo e misoginia. “Dilma Rousseff, antes de ser destituída, foi vítima de uma campanha misógina manifestada não só nos adesivos que encobriam taques de combustível dos carros, mas também nas capas de revistas semanais, que lhe atribuíam características valorizadas em homens como sendo repulsivas em mulheres”, pontua. Depois de sua deposição, veio Michel Temer com uma primeira-dama a qual as revistas reforçavam o papel que a mulher deve ter na sociedade: bela, recatada e do lar.

Para além das imagens, o que se viu após o golpe de 2016 foi uma desconstrução das políticas públicas voltadas para as mulheres. Temer foi alvo de críticas, por parte dos movimentos sociais, por nomear uma equipe composta integralmente de homens brancos de meia idade. “Na esteira, da deposição de Dilma veio ainda a eleição do atual presidente, que manifestou ser claramente machista, racista e lgbtfóbico. Não é à toa que tem crescido a violência contra os segmentos populacionais alvo do desprezo e do preconceito presidencial”, comenta Samira de Castro.

 Perfil das palestrantes

 

Augusta BritoÉ natural de Fortaleza, mas tem como berço político a Região da Ibiapaba, principalmente na cidade de Graça, onde foi prefeita por duas vezes. Está em seu segundo mandato de deputada estadual, onde tem se destacado na luta pelo enfrentamento à violência contra a mulher como Procuradora Especial da Mulher na Assembleia Legislativa. Augusta é membro de 09 comissões permanentes no legislativo, onde participa ativamente das reuniões e atividades. É também a coordenadora do Projeto de Atlas de divisas municipais georreferenciadas do Ceará, que trata dos limites entre os municípios cearenses e tem ganhado destaque com o litígio entre Ceará e Piauí. Augusta tem sido incansável na luta pela equidade de gênero, juventude, enfermagem (sua primeira formação) e tantos outros temas.

Larissa Gaspar – Vereadora eleita em 2016, é advogada, servidora pública municipal e fiscal da Prefeitura de Fortaleza. É casada e mãe do pequeno Gabriel. Começou sua vida política muito cedo, ainda no movimento estudantil e nos movimentos de mulheres e juventude. Foi Coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres de Fortaleza e da Casa Abrigo Margarida Alves, que acolhe mulheres vítimas de violência doméstica. Na Câmara Municipal de Fortaleza, é presidente da Comissão Direitos Humanos, vice-presidente da Comissão de Cultura e presidente de duas Frentes Parlamentares: em defesa dos direitos da população LGBT e das pessoas em situação de rua. A parlamentar atua em diversas áreas, entre elas, a luta por melhorias na saúde e educação públicas e a defesa dos direitos das mulheres, das crianças, dos animais, pelo fim do racismo e dos preconceitos contra a população LGBT, pessoas com deficiência e idosos.

Kelma de Iemanjá – Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará, especialização em cultura africana e dos afrodescendentes pela Universidade Federal do Ceará (2011) e mestrado em Educação brasileira também pela UFC (2013). Servidora da Prefeitura de Fortaleza há 18 anos. Consultora na área de projetos sociais, educacionais, culturais e de saúde mental. Idealizadora, fundadora, estudiosa e pesquisadora no Coletivo Em tempos de Ayoká nas áreas de políticas públicas, sociais, culturais e de saúde mental. Atualmente com pesquisa finalizada “Esse Terreiro é governado por Mulher”, realizado com as mulheres de terreiro do Ceará de 2015 a 2017. Livro publicado e lançado na XIII Bienal Internacional do Livro Ori Inu: conhecimentos e práticas ancestrais afro-brasileiras na saúde mental. Terapeuta de matriz africana e criadora da Rede Ayoká de Economia de Terreiro.

Patrícia de Albuquerque Bittencourt – Origem nos movimentos sociais a partir da Associação do Bairro Edson Queiroz, Movimento Hip Hop, Movimento Juventude Ecosocialista, sempre trazendo em pauta o fortalecimento e reconhecimento da mulher negra. No movimento Hip Hop, participou da coordenação do Fórum Nordestino de Hip Hop, coordenou projetos dentro de presídios, inclusive no feminino, e de construção de núcleos de mulheres dentro das organizações de Hip Hop. Compôs a construção e coordenação do Encrespa Geral. Trabalhou como assessora da Coordenadoria para Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Fortaleza, onde articulou projeto de mobilização pela aplicação da Lei 10.639/03 em escolas públicas de Fortaleza, a construção do Fórum da Economia do Negro e o Terça Negra. Fundadora e compõe a coordenação da Rede Kilofé da Economia de Negras e Negros do Ceará.


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