Falece o repórter fotográfico aposentado Alcebíades Silva

BiaO Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) comunicam, com profundo pesar, o falecimento do jornalista Alcebíades Alves de Silva (o Bia, como era conhecido pelos colegas), ocorrido nesta quinta-feira (7/07). Vítima de insuficiência respiratória, Bia trabalhou no O Povo durante 39 anos. Afastou-se por problemas de saúde em 2004. O velório do Bia acontece na Funerária Jerusalém, que fica na avenida Heráclito Graça, nº 300. O enterro  está marcado par as 9 horas desta sexta-feira, no Cemitério Jardim do Éden.

Filiado ao Sindjorce em 30 de março de 1970, Bia foi homenageado pela categoria no I Encontro Estadual de Jornalistas de Imagem e Profissionais da Comunicação (EEJIC), realizado em setembro de 2012, por ocasião do Dia do Repórter Fotográfico.

Alcebíades Alves da Silva, o Bia, como é conhecido pelos amigos de profissão, queria ser militar, e virou fotógrafo por acaso. Entrou no Exército, mas logo deixou de ser soldado do 23° Batalhão de Caçadores, quando os militares tomaram o poder. A rigidez do regime o desencantou e quem ganhou com isso foi o Fotojornalismo cearense. Ingressou no jornal O Povo em 1962, primeiro e único emprego, assumindo um cargo na Clicheria, onde o pai havia trabalhado, um setor ligado ao Departamento de Fotografia e inexistente na atual estrutura das redações. Era onde se fabricavam os clichês, algo semelhante a um carimbo de zinco ou chumbo em negativo, meio pelo qual se publicavam fotos e ilustrações no sistema tipográfico. Dali foi para o laboratório. O contato com o mundo da fotografia era mais próximo. Aprendia vendo os outros fazerem.

Numa noite de 1974, José Raimundo Costa ia receber uma homenagem e não tinha repórter fotográfico disponível. Então, Alcebíades Silva foi. E não deixou mais a profissão. No mesmo ano, com uma fotografia de um garoto nu pulando no açude de Forquilha, na zona Norte do Ceará, ganhou o primeiro dos 12 prêmios concedidos pela Associação Cearense de Imprensa (ACI). Também recebeu muitos outros prêmios como o “Cidade Fortaleza”, que conquistou quatro vezes, e o “Rotary”.

Seu flagrante de crianças algemadas no banheiro da Estação Rodoviária de Fortaleza, em 1982, foi publicado nos maiores jornais do mundo, solicitado pela agência Unite Press International (UPI). Entre o trágico e o cômico, Alcebíades Silva tinha muito o que contar. Entre as aventuras que quase lhe tiraram a vida, caiu de um barco, em um rio entre os municípios de Granja e Camocim, na década de 80, quando cobria enchentes na região. O barco levava cerca de dez pessoas e não resistiu ao redemoinho. O motorista Barbosa não sabia nadar e se segurou em uma corda presa do outro lado do rio. Já a repórter Ana Márcia Diógenes conseguiu atravessar a nado. E o fotógrafo foi levado pela correnteza. Ao se deparar num tronco de cajueiro, onde agarrou-se, descansou e conseguiu sair. Mas perdeu o equipamento. Noutra viagem, a Kombi bateu numa égua, no município de Caucaia. O repórter Landry Pedrosa e o motorista Antonio Alves Fernandes conseguiram sair o carro, mas o fotógrafo ficou preso às ferragens, o que lhe custou dois meses no hospital. Entre as jocosidades, histórias com desfechos semelhantes, sempre havia uma espaço reservado para suas fotos na primeira página.


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2 COMENTÁRIOS

  1. No velório do meu pai quase não apareceu ninguém do Jornal O Povo, onde ele trabalhou por quase 40 anos.Triste!

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