Jornalistas sindicais reivindicam respeito aos direitos e valorização profissional

O encontro de jornalistas sindicais teve roda de conversa, troca de experiências e propostas sobre as condições de trabalho nas assessorias sindicais. Foto: Cristian Lopes

Reunidos em Salvador, durante o 4º Encontro Nacional de Jornalistas Sindicais, profissionais que compõem as diversas áreas da comunicação sindical no Brasil reafirmam seu compromisso com a construção de uma imprensa de qualidade, voltada aos interesses dos trabalhadores e estruturada do ponto de vista material e humano para enfrentar os desafios colocados diariamente pelos ataques do capital. O Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) participou do encontro, representado pela presidente, Samira de Castro; o secretário-geral, Rafael Mesquita; e a diretora de Administração, Germana McGregor.

A Carta de de Salvador, documento elaborado pelos participantes do evento, chama a atenção para a necessidade de valorização dos profissionais da Comunicação que atuam em associações, sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais. O 4º Encontro de Jornalistas Sindicais integrou o 6º Seminário Unificado da Imprensa Sindical, de 31 de maio a 2 de junho, na Capital baiana.

“Uma imprensa sindical de qualidade, no entanto, só será possível com o compromisso e o engajamento das lideranças sindicais que representam a base de suas categorias em suas respectivas entidades de classe (centrais, confederações, federações e sindicatos), no sentido de garantir aos comunicadores por eles contratados o respeito à regulamentação da profissão, a valorização e as condições materiais e humanas imprescindível ao exercício de suas atividade cotidianas”, diz o documento.

Durante os debates ocorridos nos dias anteriores, os jornalistas puderam externar sua insatisfação com o reiterado desrespeito, por parte de seus contratantes, aos direitos da categoria. “Por que o jornalista tem que ser militante? Por que a minha categoria tem que ser de segunda?”, questionou a coordenadora de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado de São Paulo, Luciana Araújo. Ela defendeu a produção jornalística como ciência, para a qual é necessário que as organizações tenham orçamento determinado e pessoal qualificado no exercício das funções da área.

Várias falas, ao longo dos dois eventos, evidenciaram que boa parte das entidades sindicais, na figura de patrões de jornalistas, não respeita direitos básicos da categoria, como a jornada de 5 horas/dia e os pisos estaduais. A multifunção, tão combatida nos veículos tradicionais e nas próprias categorias dos empregadores, virou regra também para os jornalistas sindicais, assim como o escamoteamento das relações de trabalho, visto que muitas entidades passaram a contratar seus assessores como microempreendedores individuais (MEI).

Confira as demandas dos jornalista sindicais

  1. Pelo fim das práticas de assédio (moral e sexual) cada dia mais frequentes dentro das entidades sindicais.
  2. Pela defesa do emprego e pelo fim das demissões, realizadas na maioria das vezes de forma arbitrária e sem qualquer transparência junto à base das categorias.
  3. Pelo fim das perseguições aos jornalistas sindicais que trabalham no jornalismo contra-hegemônico e/ou veículos independentes.
  4. Por condições dignas de trabalho de jornalista, equipamentos profissionais adequados às funções do jornalismo e demais áreas da comunicação sindical, assim como o uso obrigatório de Equipamento de Proteção Individual (EPI) na cobertura de manifestações e outros espaços de risco físico. Pela qualificação do fazer jornalístico, com o fim do teletrabalho, da PJotização, das terceirizações, do acúmulo de funções, da multitarefa, da hiperconectividade e pelo direito à desconexão.
  5. Pelo cumprimento da carga horária regulamentar dos jornalistas de 5 horas diárias (artigo 303 da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT) ou, ainda como prevê a Lei, com a possibilidade mediante acordo individual por escrito, da elevação para 7 horas, desde que haja a remuneração adequada dessas horas excedentes, respeitando ainda o intervalo intrajornada (artigo 304 da CLT).
  6. Pelo fim das horas extras excessivas, situação que tem agravado dia após dia a saúde desses trabalhadores, com inúmeros casos de licença por LER/DORT.
  7. Pelo respeito ao piso salarial estadual dos jornalistas e pela valorização da carreira, com a implantação de Planos de Cargos e Salários nas entidades.
  8. Pela realização de Encontros setoriais de comunicação, a serem promovidos pelas entidades estaduais e nacionais, com o objetivo de articular e qualificar a atuação política e profissional de seus comunicadores.
  9. Pelo fim da exploração do trabalho de estagiários, garantindo seus direitos mínimos e uma remuneração adequada, a partir do entendimento de que o estágio é uma etapa do aprendizado acadêmico e não a mera possibilidade de um trabalho de baixo custo.
  10. Pela realização de campanhas nacionais e estaduais, com orientações às entidades sindicais sobre a necessidade de respeito aos direitos dos jornalistas.
  11. Pelo fortalecimento das entidades representativas dos jornalistas e dos trabalhadores em entidades sindicais, sobretudo com o aumento do número de filiações.
  12. Pelo estímulo à criação de Coletivos de Jornalistas Sindicais, em nível nacional, estadual e local.

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