Mulheres vão às ruas no dia 8 de março para barrar reforma da Previdência proposta por Temer

A luta contra a reforma da Previdência Social será a pauta prioritária nas manifestações das mulheres no próximo 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Elas ocuparão as ruas em todo o país para denunciar o desmonte da aposentadoria e os prejuízos que esta reforma poderá trazer especialmente para a vida delas. Em Fortaleza, o ato está marcado para 8h, com concentração na Praça da Imprensa, no bairro Dionísio Torres.

A reforma pretende igualar as condições de homens e mulheres para se aposentar e quer ampliar o tempo de contribuição sem levar em consideração as diferenças sociais entre os gêneros. Assim, no caso das mulheres, a idade mínima para aposentar passaria dos atuais 60 para 65 anos, somada ao tempo mínimo de contribuição, que sobe de 15 para 25 anos.

O governo ilegítimo de Temer e seus aliados argumentam que as mulheres vivem, em média, mais tempo que os homens e que elas já ocupam igualmente os postos de trabalho. Por isso, afirmam que as mulheres devem se aposentar mais tarde e com regras iguais as dos homens. Para a economista da UNICAMP Marilane Teixeira, esses argumentos são contraditórios com a realidade e, caso concretizados, aumentarão a desigualdade. Ela afirma que a proposta da Reforma da Previdência, na verdade, significa estender o período de vida laboral das trabalhadoras, retardar a solicitação do benefício e diminuir o valor deste quando conquistado.

“O erro do projeto é igualar realidades tão distintas. O Brasil é muito diverso e muito desigual para comparar condições regionais, de vida e de moradia entre mulheres e homens. Então, este projeto cria uma média igual que não é real”, comenta Marilane.

Como elas conseguiriam trabalhar 49 anos interruptos, se são elas a grande maioria entre os desempregados no país? Como elas conseguiriam ter contribuído 25 anos, ao completarem 65, se elas precisam fazer o trabalho reprodutivo e de cuidados, parando para cuidar de seus filhos? São questões levantadas por Marilane, que lembra como toda essa desigualdade social entre os trabalhadores e trabalhadoras impacta na conquista da aposentadoria das mulheres.

Ela exemplifica: “uma mulher do campo que vive em média 50 anos e começou a trabalhar na roça com 10 anos, na chuva, no sol, dificilmente vai ultrapassar os 65 anos. Por outro lado, uma profissional liberal, que mora na região Sudeste, que começou a trabalhar depois dos 20 anos e tem babá, a expectativa de vida dela certamente será de 80 anos”.

As diferenças não acabam por ai. As mulheres têm salários até 50% menores que dos homens e são as primeiras a serem demitidas em momentos de crise. A maioria delas vive com um salário mínimo, trabalha 300 horas a mais que os homens por ano e são, na maioria das vezes, arrimos de família. “Como ser igual numa sociedade desigual?”, questiona a secretária da Mulher Trabalhadora na CUT, Junéia Martins Batista. “É hora de ir pra rua contra esta reforma e todos estes retrocessos desse governo golpista, mas também não podemos deixar de denunciar a violência praticada contra as mulheres e a luta pela descriminalização do aborto, temas tão caros pra as mulheres”, alega Juneia.

Para a dirigente, a pauta unificou todas as mulheres que lutam por igualdade: “as mulheres do mundo todo não suportam mais as desigualdades e não ficarão mais caladas. Elas estão nas ruas, nas redes, nos programas de TV, nos espaços políticos, no meio artístico para dizer que basta”. Segundo ela, que também é presidenta do Comitê Mundial de Mulheres na Internacional de Serviços Público (ISP), o 8 de março será uma data que ficará para a história.

“Teremos um levante das mulheres no mundo todo. Está sendo chamada uma paralisação internacional das mulheres nos países da América Latina. Nos Estados Unidos as mulheres vão às ruas contra a política xenófoba e misógina do presidente eleito, Donald Trump. Não nos calarão”, finaliza.

 

 

Fonte: Érica Aragão / CUT Nacional


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