Segundo encontro do Curso Dandara dos Palmares discutirá a presença negra no Estado

 

A população declarada negra no Ceará aumentou, entre 2012 e 2018, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018, divulgada este ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice passou de 2,9% para 5,3%, no período analisado. Ainda assim, é o menor percentual entre os estados do Nordeste. O baixo número de pessoas que se auto declara negra no Estado pode ter relação com o apagamento da presença de negros escravizados em território cearense durante o período colonial brasileiro.

Sobre essa existência de negras e negros no Ceará é que a professora doutora Sílvia Maria Vieira dos Santos, coordenadora pedagógica do Curso Dandara dos Palmares – Gênero, Raça e Etnia na Comunicação, conduzirá o segundo encontro formativo, nesta terça-feira (03/10), a partir das 18h, no auditório do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce).

As especificidades políticas e econômicas do Estado ao longo do período colonial acabam por consolidar a visão de que poucos foram os escravizados, consequentemente, ou a presença negra foi pouca, ou foi de homens e mulheres livres, fugidos, aquilombados ou alforriados, misturados com o branco pobre, exercendo a função de vaqueiros. Os cearenses consideram, assim, mais uma identidade sertaneja do que sua raiz afrodescendente invisibilizada historicamente.

Já a pedagoga Joselma Gentil, que estudou o protagonismo feminino no movimento negro cearense, falará aos cursistas sobre o surgimento de organizações e coletivos como o Grupo de União e Consciência Negra, o Grucon, o Grupo Filhos d’África, o Grupo de Mulheres Negras no Ceará, os Agentes de Pastoral Negros (APNPs), o MNU e o Tambores de Safo. São entidades que inauguraram a discussão de raça e classe nos movimentos sociais do Estado, partindo depois para debates específicos como a correlação com outros grupos sociais, o ativismo feminino e a saúde das mulheres, a religião, a comunicação e a cultura e, até recentemente, a luta feminista e antirracista, com enfoque nos diretos LBTs.

Segundo o professor doutor Franck Ribard, da Universidade Federal do Ceará (UFC), a historiografia cearense sobre a trajetória dos negros nos períodos coloniais e imperiais foi enriquecida, nos últimos 10 anos, por uma série de trabalhos acadêmicos, dissertações, teses, artigos que, além de abordar dimensões variadas da experiência social afrocearense, voltaram-se para diferentes regiões e sub-regiões da antiga província, abordadas em períodos diversos dos séculos XVIII e XIX.

Perfil das palestrantes

Sílvia Maria Vieira dos Santos – Professora de História do ensino médio na Rede Pública Estadual (CE). É Especialista em Juventude. Realizou uma pesquisa acerca dos/as jovens negros/as e a relação do seu corpo com as africanidades. É, também, Especialista em Metodologias do Ensino de História, produzindo como trabalho monográfico uma pesquisa sociopoética com professores sobre as Africanidades. Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (2011], realizou uma pesquisa sociopoética com jovens negros/as do movimento negro, da escola e do candomblé que teve como objetivo descobrir que conceitos eram produzidos por esse grupo sobre as africanidades a partir das diversas realidades em que estavam inseridos. Doutora pela mesma universidade (UFC – 2015), pesquisou no doutorado como os jovens candomblecistas viviam sua condição juvenil e o que aprendiam neste espaço religioso.Tem experiência na área de História e Educação com ênfase nas Africanidades, Religiosidades, Juventudes

 

Joelma Gentil do Nascimento – Possui Mestrado em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará-UFC (2012). É graduada em Licenciatura Específica em Português pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2006). Pós-Graduada em Linguística Aplicada (alfabetização e letramento). Foi Coordenadora Pedagógica da Prefeitura Municipal de Fortaleza, EMEIF Jornalista José Blanchard Girão, bem como Coordenadora Pedagógica do Programa Interministerial Mais Educação em Fortaleza. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Arte-educação, Africanidades Brasileiras, Juventudes ,Gênero , Alfabetização e Educação Ambiental.


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