Sexto encontro do Curso Dandara dos Palmares debate “Mídia e Direitos da Mulher”

As violações dos direitos humanos das mulheres ostentam uma dimensão alarmante no campo midiático, em especial nas narrativas produzidas pela chamada mídia tradicional hegemônica. Como espaço privilegiado de reprodução simbólica, a mídia (incluindo quem a opera – jornalistas, radialistas e publicitários) sustenta um sistema sexista, racista e etnocêntrico. Sobre a relação “Mídia e Direitos da Mulher”, o sexto encontro do Curso Dandara dos Palmares – Gênero, Raça e Etnia na Comunicação reúne, nessa quinta-feira (17/10), a partir das 18h, a jornalista Cristiane Bonfim e a assistente social Franciane Santos.

Profissional com atuação em redações e assessorias de Comunicação, Cristiane Bonfim conta que só se reconheceu feminista e passou a estudar sobre gênero quando tornou-se mãe, aos 29 anos. Sua bagagem inclui cargos de chefia nas principais redações tradicionais do Estado. Também passou pela assessoria de comunicação na área de saúde, de onde saiu recentemente. Ela vai dialogar com a turma sobre os direitos das mulheres narrados na mídia, o ativismo digital, cidadania e trajetórias de vida na campanha pela descriminalização do aborto no Brasil.

Franciane Santos é mulher preta e quilombola, militante e pesquisadora em Afrobrasilidade, Gênero e Família e integrante do Instituto Negra do Ceará (INEGRA). Vai conversar sobre os direitos da mulher negra e a luta e o feminismo negro na contemporaneidade. “Essa frase que marcou 2018 – ‘ninguém solta a mão de ninguém’ – pra mim é folclórica. Ninguém nunca segurou a minha mão”, crava a ativista que faz um trabalho de acompanhamento das mulheres negras no presídio Auri Moura Costa.

Para a diretora de Comunicação do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) e 2ª vice-presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, em boa parte das produções midiáticas ainda persiste a ausência da promoção consistente do acesso aos direitos das mulheres associada ao enfrentamento do racismo e do etnocentrismo. “No Brasil, tanto na mídia tradicional hegemônica, quanto na alternativa/independente e comunitária e popular, as violações dos direitos das mulheres, notadamente a violência letal manifestada no feminicídio, são abordadas dissociadas das perspectivas sexista, racista e etnocêntrica”, comenta.

Samira de Castro argumenta que as práticas fundantes da sociedade brasileira desumanizam e invisibilizam mulheres negras, jovens, periféricas e indígenas na mídia. “Por isso, precisamos persistir em estratégias políticas, econômicas culturais e de comunicação capazes de superar os desafios históricos de sub-representação das mulheres jovens, negras, indígenas, de outras etnias, lésbicas, transsexuais e transgêneros. Necessitamos produzir outras narrativas textuais e imagéticas que dêem conta das diversas mulheres brasileiras e reforcem a necessidade de garantia e ampliação de direitos”, pontua.

Perfil das palestrantes

Cristiane Bonfim – Só se reconheceu feminista e passou a estudar sobre gênero quando tornou-se mãe, aos 29 anos. Jornalista há 20 anos, trabalhou em redação por 15 anos (O Povo e Sistema Verdes Mares), com mestrado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (linha de pesquisa mídia e práticas socioculturais) na Universidade Federal do Ceará. Atuou em assessoria de comunicação na área de Saúde por três anos e em assessoria de comunicação sindical por 12 anos. Foi diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará (Sindjorce) de 2005 a 2010.

 

Franciane Santos – mulher negra quilombola, graduada em Serviço Social; mestranda do Programa de Pós- graduação de sociologia (PPGS/UECE); pesquisadora do Laboratório de Estudos e Pesquisa sobre Afrobrasilidade, Gênero e Família (NUAFRO/UECE) e integrante do Instituto Negra do Ceará (Inegra) e da  Rede de Mulheres Negras do Ceará.

 

 

 

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