Com um incremento de 233% no intervalo de uma semana, Fortaleza tornou-se o epicentro de ataques on-line a jornalistas e a veículos de mídia nas eleições municipais. É o que mostra o 8º relatório do Monitoramento de ataques on-line contra a imprensa nas Eleições de 2024, projeto realizado pela Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor), da qual a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) faz parte.
No período de 14 a 20 de outubro, a duas semanas do segundo turno, o monitoramento encontrou um total de 799 ofensas ao trabalho de jornalistas e meios de comunicação em todas as capitais, plataformas e perfis monitorados. Embora o número represente uma redução em relação ao registrado nas últimas semanas, duas tendências são destaque nesse período: o retorno do X/Twitter como principal plataforma de agressões a jornalistas e a inversão de centralidade dos ataques de São Paulo para Fortaleza.
Os dados coletados revelam que houve variação no número de ataques emcomparação à semana anterior. Em Fortaleza, os números saltaram significativamente de 42 para 140 ataques, evidenciando um aumento expressivo. São Paulo, embora tenha registrado uma queda em relação à semana passada, ainda apresenta um número considerável de 125 ataques, destacando-se como uma das capitais com maior incidência. Já em Cuiabá, notou-se um aumento, passando de 11 para 17 ataques nesta semana.
Na análise dos dados do Instagram, entre os cinco perfis que mais atacam jornalistas e veículos, denominados de principais atores ofensivos, todos se manifestam em postagens sobre a campanha em Fortaleza, que tem um candidato da extrema direita no segundo turno.
“No contexto eleitoral de Fortaleza, observamos que os ataques em geral se destinam muito à postura da mídia e canais de imprensa, acusados de parcialidade em suas coberturas. Os comentários ofensivos são frequentemente usados para desqualificação dos veículos e profissionais”, diz a presidenta da FENAJ, Samira de Castro.
Entre os veículos mais atacados no período, três são do Ceará. Figuram na lista o Diário do Nordeste, em segundo lugar, com 46 ataques; o Jornal Jangadeiro, em quarto lugar, com 29 ataques; e O POVO Online, em sexto, com 22 ataques.
“Estamos acompanhando com preocupação o desenrolar desse segundo turno e já colocamos o Sindicato à disposição da categoria, tanto para o receimento de denúncias de agressões e impedimento ao exercício profissional quanto no plantão no dia da eleição”, afirma o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), Rafael Mesquita.