Com o auditório repleto de estudantes e profissionais da imprensa, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) deu início, na noite de ontem (28), às atividades do Programa Jovem Jornalista de Formação de Lideranças no Jornalismo Cearense — uma iniciativa voltada à requalificação e ao fortalecimento da juventude trabalhadora da categoria. O projeto é financiado pelo Governo do Estado do Ceará, por meio de edital público da Secretaria da Casa Civil.
A aula inaugural contou com a presença da presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, que ministrou a palestra “Que conjuntura é esta, trabalhador/a jornalista?”, abordando os desafios e transformações do jornalismo contemporâneo. Samira destacou as mudanças tecnológicas e produtivas que têm impactado o setor, como a plataformização, a concentração midiática e o avanço da precarização das relações de trabalho.
Com base em dados da FENAJ, Dieese e Atlas da Notícia, a dirigente apontou a perda de empregos formais, o crescimento do trabalho freelancer e o aumento do adoecimento mental entre profissionais da comunicação. Em sua fala, defendeu a regulação das plataformas digitais, a taxação das big techs e o fomento ao jornalismo público e independente como medidas essenciais para fortalecer o campo.
“Precisamos fortalecer a organização sindical, a formação ética e crítica e o protagonismo das novas gerações na defesa do jornalismo como bem público essencial à democracia”, afirmou Samira.
A cerimônia foi conduzida pela diretora executiva Maristela Gláucia, e contou ainda com as presenças do presidente do Sindjorce, Rafael Mesquita; do secretário-geral, Tarcísio Aquino; da secretária de Gênero, Raça e Etnia da FENAJ, Germana McGregor; do diretor de Comunicação, Cultura e Eventos, Igor Thawen; e da diretora de Segurança e Defesa do Exercício Profissional, Bemfica de Oliva.
Durante a abertura, Rafael Mesquita apresentou os objetivos, a metodologia e o diferencial pedagógico do programa, que combina teoria crítica, prática profissional e os valores éticos e políticos do sindicalismo. Inicialmente planejado para 80 participantes, o curso teve o número de vagas ampliado para 90 diante da grande procura: 40 na modalidade presencial e 50 na modalidade on-line.
“Com quase 200 inscrições recebidas, o projeto superou nossas expectativas e demonstra o desejo de formação e engajamento da nova geração de jornalistas cearenses”, destacou Rafael.
Juventude jornalista engajada e com novas perspectivas
Entre os participantes, o entusiasmo e a vontade de aprender marcaram o primeiro dia de atividades. A jornalista Dhara Amorim, fundadora da Vysão Mídia, agência independente voltada a conteúdos periféricos e culturais, destacou a importância do curso como espaço de reconstrução e aprimoramento profissional.
“Gostei bastante da dinâmica do primeiro dia. Deu para ver diversas perspectivas e perceber que temos os mesmos medos e ambições. Estou animada, porque acredito que vou aprender coisas que não consegui absorver na graduação, muito por conta da pandemia. Esse curso vai somar à minha atuação enquanto jornalista independente”, contou.
O estudante Felipe Frota, que cursa o último semestre de Jornalismo pela Estácio Ceará e atua na área de relacionamento da Camed, também celebrou a oportunidade.
“Estou muito feliz por ter sido selecionado. Esse tipo de formação é essencial diante da realidade, muitas vezes cruel, do mercado jornalístico. Acredito que o curso vai contribuir muito para o meu dia a dia de trabalho, principalmente por trazer debates sobre temas como a inteligência artificial e o papel do jornalista nesses novos contextos”, afirmou.
Com uma proposta formativa e inclusiva, o Programa Jovem Jornalista representa um passo importante na política de formação do Sindjorce, reafirmando o compromisso da entidade com a valorização profissional, o pensamento crítico e o protagonismo da juventude na defesa do jornalismo e da democracia.
