Jornalistas cearenses empregados em jornais e revistas estão há exatos 70 dias sem qualquer resposta dos donos dos veículos de comunicação sobre a pauta de reivindicações da Campanha Salarial de Mídia Impressa 2018/2019. O documento contendo as propostas da categoria para a negociação salarial, cuja data-base é 1º de setembro desse ano, foi enviado ao Sindicato das Empresas de Jornais e Revistas (Sindjornais) no dia 24 de julho. Desde então, a diretoria da entidade patronal é procurada pela comissão de negociação do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), mas a secretária afirma que “não há retorno, pois os representantes das empresas ainda vão se reunir”.
Para a diretoria do Sindjorce, a demora em responder os trabalhadores tem ligação com o fato de as redações de jornal impresso de Fortaleza estarem passando por processos de integração com outras mídias, em maior ou menor grau de evolução. No Sistema Verdes Mares, houve demissão em massa de 21 pessoas, a maioria do Diário do Nordeste. No O Povo, a rádio O Povo CBN passou a funcionar no mesmo espaço do impresso e alguns profissionais foram remanejados após tentativa de demissão. No jornal O Estado, são constantes os atrasos de salário e há pressão para que os jornalistas passem a fazer reportagens em vídeo para a webtv.
“Ressalte-se, ainda, o fato de o Sindjornais sequer existir perante o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A diretoria da entidade patronal está legalmente desatualizada há quase um ano”, afirma a presidente do Sindjorce, Samira de Castro. A situação impede o sindicato laboral de tentar agendar as mediações da Campanha Salarial na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/CE). “Não há descaso maior com a categoria dos jornalistas do que tentar negociar com uma entidade patronal que simplesmente inexiste legalmente”, acrescenta a dirigente.
Após enviar a pauta de reivindicações, ainda em julho desse ano, a diretoria do Sindjorce solicitou uma reunião com os representantes das empresas no escritório do assessor jurídico da entidade, advogado Carlos Chagas, a fim de dar início ao processo de negociação. Sem resposta, o Sindjorce oficiou novamente a patronal, no dia 8 de agosto, solicitando um encontro. A resposta veio apenas no 14 de agosto, com o agendamento de uma reunião informal no dia 27 de agosto.
No encontro, realizado no jornal O Povo, o secretário-geral, Rafael Mesquita, e a diretora de Administração do Sindjorce, Germana McGregor, ouviram do presidente do Sindjornais, Victor Chidid, que as empresas realizaram dois encontros, mas ainda não tinham resposta para a pauta de reivindicações dos trabalhadores. O representante patronal não soube informar quando a diretoria do Sindjornais seria atualizada perante o Ministério do Trabalho.
“O que parece é que as empresas simplesmente não querem negociar as condições de trabalho da categoria. Uma situação que já vem se arrastando desde a implantação da reforma trabalhista”, afirma o secretário-geral do Sindjorce, Rafael Mesquita.
Confira as reivindicações dos jornalistas de mídia impressa