Ceará continua sendo o estado mais violento para os jornalistas no NE

O Ceará continua sendo o mais violento para o exercício profissional do Jornalismo entre os estados da Região Nordeste. É o que o mostra o Relatório da Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2018, divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ, na sexta-feira (18/01), no Rio de Janeiro. Com 11 casos registrados no ano passado, o equivalente a 8,15% do total verificado no Brasil, o Ceará figura como mais violento na região pelo sexto ano seguido.

Para a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) e segunda tesoureira da FENAJ, Samira de Castro, é preciso combater essa violência contra os profissionais da Comunicação. “Precisamos de um protocolo de segurança pactuado entre as empresas jornalísticas, as forças policiais do Estado e a representação classista da categoria”. Medidas que visem a mitigar os riscos de algumas coberturas estão sendo pleiteadas junto aos empregadores desde 2013.

Samira de Castro explica que a principal orientação do Sindjorce aos profissionais agredidos é comunicar o sindicato e o jurídico das empresas (no caso de trabalhadores com vínculo empregatício), além de registrar boletim de ocorrência. “Temos consegui alguns avanços, como a adoção de equipamentos de proteção individual por parte de alguns empregadores, bem como o permanente diálogo com as forças policiais do Estado, no sentido de abrir procedimento investigativo quando a agressão parte de agentes policiais”, acrescenta.

A presidente do Sindjorce lembra que um diálogo foi iniciado com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), em 2018, no sentido de se chegar a um protocolo e de possíveis parcerias para cursos e treinamentos aos jornalistas. “Também editamos uma cartilha com dicas de segurança e, já em 2019, reforçamos algumas dessas dicas aos colegas que estão cobrindo a questão da segurança pública no Estado”, comenta.

Uma das metas do Sindjorce é ampliar essa discussão da segurança para a área digital, onde jornalistas já estão sendo ameaçados. “A proteção de dados pessoais é urgente e necessária para os profissionais que lidam com informações e imagem. Por isso, estamos montando um curso para a categoria neste segmento”, adianta.

Violência por região

Dirigentes do Sindjorce participaram do lançamento de Relatório da Violência e Liberdade de Imprensa – 2018, realizado no Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio

No Nordeste  do país, foram registrados 21 casos de agressões contra jornalistas ao longo de 2018. O número equivale a 15,55% do total de registros de violência que constam no relatório anual elaborado pela FENAJ, colocando a região como a terceira mais violenta do país para o exercício profissional da categoria. Além dos 11 casos do Ceará, em Pernambuco, houve quatro casos de violência, na Bahia e na Paraíba, 2 casos em cada, e em Alagoas, e no Piauí, um caso em cada.

A Região Sudeste é a mais violenta para os jornalistas brasileiros. Repetindo tendência registrada nos últimos cinco anos, o maior número de agressões contra os profissionais ocorreu na região, onde foram registradas 53 ocorrências, representando 39,26% do total de 135 casos.

Também repetindo os anos anteriores, o estado de São Paulo foi o mais violento com 28 casos (20,74% do total). No Rio de Janeiro, foram 16 casos e, no Espírito Santo, cinco. O Estado de Minas Gerais foi o menos violento da região, com quatro agressões contra jornalistas.

A Região Sul voltou à condição de segunda mais violenta para o exercício da profissão, lugar que ocupava em 2016, mas que em 2017 ficou com o Nordeste. Foram 38 casos de agressões a jornalistas na região, o que representa 28,15% do total. O Paraná foi o estado com maior número de ocorrências (22), seguido do Rio Grande do Sul (12). Em Santa Catarina, foram quatro casos.

Na Região Centro-Oeste, o número de casos de violência contra jornalistas chegou a 15 (11,11% do total). O maior número de agressões foi no Distrito Federal, onde foram registrados nove casos (6,68%). Nos Estados da região – Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – foram duas ocorrências em cada.

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