Dezenas de pessoas participaram na noite desta terça-feira, 29 de março, do Encontro da Mídia Livre e Popular, realizado na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT Ceará). Jornalistas, publicitários, radialistas, ativistas digitais, blogueiros, produtores culturais e cineastas decidiram juntos criar uma Rede de Comunicação Alterativa. A ideia é produzir informações para se contrapor à campanha da grande mídia, que busca legitimar um golpe de Estado, disfarçado de impeachment.
“Hoje, os grandes conglomerados midiáticos sustentam seu poder utilizando sua influência, por exemplo, sobre o poder judiciário, para plantar opiniões na sociedade. Neste momento o projeto deles é derrubar a presidente Dilma, mesmo sem que a mesma seja acusada de algum crime. Nosso papel aqui é de criar uma via de sustentação dos veículos de comunicação progressistas e alternativos. Cada militante deve utilizar as ferramentas de comunicação que têm acesso para construirmos um movimento popular e de massa em contraposição aos barões da mídia”, afirmou Samira de Castro, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce).
Ao todo, representantes de 25 entidades trouxeram contribuições para o debate, que teve o objetivo de traçar uma estratégia conjunta de comunicação contra um golpe, uma ameaça não só ao mandato da presidente Dilma Rousseff, mas sobretudo ao Estado Democrático de Direito.
A jornalista e cineasta Verônica Guedes enfatizou que mais de mil organizações sociais já se manifestaram publicamente contra o golpe, num movimento de reação nacional que deve crescer ainda mais. “Nós estamos envolvendo a classe artística e também profissionais que atuam no campo cultural para mostrar para a sociedade os perigos colocados para a democracia neste momento”, disse.
Uma das entidades presentes em todas as manifestações de rua, o Levante Popular da Juventude tem protagonizado os atos em defesa da democracia. Gabriel Campelo acredita que os jovens são o fermento da massa contra o golpe. “Temos que ir às periferias, ouvir as pessoas, produzir material com esse pessoal, mostrar o que mudou na vida do povo. Temos a internet, temos as nossas redes sociais para isso”, enfatizou.
Grupos de trabalho e campanha
Além de construir uma pauta conjunta, os profissionais se dividiram em grupos de trabalho por área de atuação, que terá a missão de não só realizar a contra argumentação durante a discussão pública sobre o impeachment, mas também de provocar o debate sobre a cidadania e a democratização da comunicação. Os comunicadores foram divididos nos seguintes grupos: publicidade e artes visuais; redação e assessoria de imprensa; redes sociais e ativismo digital; e audiovisual.
“Parte do nosso esforço ficará focado também em uma campanha para alertar a sociedade sobre a movimentação política atual. Seu objetivo é debater a conjuntura e se posicionar em relação a ela. Não compactuamos com quem defende a quebra da legalidade para beneficiar a parcela abonada da população, em troca do enfraquecimento do Estado democrático de direito”, afirmou Rafael Mesquita, secretário geral do Sindjorce, que coordenou o evento. Segundo ele, serão produzidos materiais gráficos, lambes, áudios e “memes”, além da TV Democracia, canal com web reportagens que será compartilhado na rede criada.
Fotos: Genilson de Lima e Paulo Holanda