Há lugar para subjetividade no jornalismo? Em meio à profusão de tecnologias e de “mídias” é possível fazer reportagens com narrativas que dão voz a grupos invisibilizados pelos veículos da grande imprensa. A jornalista pernambucana Fabiana Moraes discute essa questão, ao ministrar a conferência de abertura do I Congresso Estadual Extraordinário dos Jornalistas do Ceará e III Encontro Estadual de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (III EEJAI), com o tema “O Jornalista e as mudanças no Jornalismo e no mundo do trabalho”, no dia 11 de agosto, a partir das 19h, no Centro Cultural Belchior, na Praia de Iracema.
Professora do Núcleo de Design e Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco e vencedora de três prêmios Esso, Fabiana Moraes tem pesquisas acadêmicas e reportagens voltadas para a questão da hierarquização social com foco na (in)visibilidade de grupos vulneráveis (gays e travestis, negros, mulheres). Após a conferência inaugural do evento, haverá a noite de autógrafos do livro “O Nascimento de Joicy”, de autoria da conferencista, com coquetel de confraternização entre os convidados.
Sobre o livro
Em seu livro, O nascimento de Joicy, a jornalista Fabiana Moraes relata a experiência de um árduo rito de passagem. Uma das mais premiadas repórteres da imprensa brasileira, a autora narra do início ao fim a longa saga do ex-agricultor
pernambucano João Batista, que procura o serviço público de saúde para adequar seu corpo masculino ao feminino que traz em si — e assumir na identidade o nome que lhe surgiu num sonho: “Por favor, me chame só de Joicy”, ela inscreve numa parede de sua casa depauperada, “pois este é o meu novo
nome após ter mudado de sexo”.
Fabiana também escreve sobre os bastidores da reportagem, vencedora dos prêmios Esso e Cidadania em Respeito à Diversidade. Fala sobre a dor, o suor, o assombro, a alegria de testemunhar e narrar a história da cabeleireira Joicy —
publicada sob polêmica e aclamação em abril de 2011, no Jornal do Commercio,
com uma capa na qual Joicy aparecia nua em meio a elementos pictóricos
da Vênus de Botticelli. E expõe sem reservas a complicada relação com sua
personagem, uma convivência marcada por afeto e atritos.
Por fim, num ensaio pioneiro, Fabiana apresenta o conceito do jornalismo de subjetividade, defendendo um olhar mais profundo na contemplação do mundo e dos seres humanos. Para tentar captar as pessoas em sua integralidade, diz a autora, o jornalista precisa estar aberto ao potencial transformador do encontro. “Afinal, ao lado das exigências técnicas e vitais que formam o lastro do jornalismo, não podemos perder de perspectiva: emoção também é informação.”
Sobre a autora
Fabiana Moraes nasceu no Recife, em 1974. Jornalista e socióloga formada na Universidade Federal de Pernambuco, trabalha como repórter especial do Jornal do Commercio. Como eixo de pesquisa na redação e na área acadêmica, investiga a pobreza, a invisibilidade, a hierarquização social e a desconstrução do senso comum. Seu trabalho, que hoje inclui o
audiovisual, foi reconhecido com três prêmios Esso e um Embratel, entre outros. É autora de três livros: Os Sertões (2010), Nabuco em pretos e brancos (2012) e No país do racismo institucional (2013).
Ficha técnica
Título: O nascimento de Joicy – transexualidade, jornalismo e os limites entre repórter e personagem
Autora: Fabiana Moraes
Editora: Arquipélago Editorial
Ano: 2015
Especificações: Brochura, 248 páginas
Preço: R$ 40,00