Com três dias de intensos debates sobre “A credibilidade da informação jornalística na era da comunicação digital”, o XX Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (ENJAI 2015) reuniu na Capital cearense, de 1º a 3 de outubro, mais de 300 participantes, sendo delegados, observadores e estudantes de 20 estados brasileiros. Após a plenária final, realizada na tarde do sábado (3/10), os delegados e delegadas aprovaram a Carta de Fortaleza, documento político que sintetiza as lutas dos jornalistas brasileiros organizados em seus sindicatos e na Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ).
A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce), Samira de Castro, que integrou a comissão de redação da Carta de Fortaleza, ao lado dos jornalistas Cláudio Curado (presidente do Sindicato dos Jornalistas de Goiás) e Bruno Cruz (diretor da FENAJ), destacou a relevância do evento para o Ceará e a reafirmação das lutas que são de toda a sociedade, como a democratização dos meios de comunicação no Brasil. “Foi um evento vitorioso, do ponto de vista da logística e a estrutura mas, principalmente, por possibilitar aos jornalistas que atuam em assessoria no Estado e em todo o país, um debate de temas que são muito caros à categoria”, disse.
Carta de Fortaleza
Nós, jornalistas brasileiros em assessoria de imprensa, reunidos na cidade de Fortaleza na realização do XX Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa durante os dias 1, 2 e 3 de outubro de 2015, alertamos à população sobre o atual momento de instabilidade econômica e política.
Sem desconhecer a gravidade conjuntural enfrentada pelo país, repudiamos a forma como os grandes veículos de comunicação superdimensionam a desaceleração econômica, tanto em profundidade quanto em alcance, com o objetivo de desestabilizar politicamente o governo.
Por outro lado, ao apostar mais uma vez na conciliação política com setores conservadores, o Governo Dilma insiste na adoção de medidas que empurram a conta do enfraquecimento econômico para os trabalhadores.
As recentes demissões de centenas de jornalistas em todo o país e a crescente precarização das relações de trabalho demonstram a insegurança do mercado de comunicação e reforçam a necessidade de regulamentação de um setor marcado pela concentração e pela falta de controle público.
Mesmo com graves consequências para os profissionais do setor, o avanço do processo de democratização da mídia é uma responsabilidade da sociedade brasileira como um todo.
Apesar da construção da primeira Conferência Nacional de Comunicação, é preciso intensificar a pressão para que o governo proponha leis que constituam um Marco Regulatório para o setor no Brasil.
Em um cenário de crescente convergência de mídias, rearticulação dos meios de comunicação e queda da credibilidade da informação, o XX ENJAI ressalta a importância do trabalho do assessor de imprensa como atividade jornalística pautada pelos fundamentos éticos da profissão e pelo interesse público.
Os jornalistas em assessoria de imprensa reafirmam que a constituição do Conselho Federal de Jornalistas e o resgate da exigência do diploma como critério de acesso à profissão são essenciais ao direito da população à informação jornalística de qualidade.
Nesse sentido, reivindicamos a imediata votação na Câmara Federal do Projeto de Emenda Constitucional 206/2012 e a rejeição do Projeto de Lei 4330, o PL da terceirização, que ameaça os jornalistas e demais trabalhadores brasileiros.
Reiteramos o desastre que representa a ratificação por parte do Congresso Nacional das Medidas Provisórias que alteram para pior a legislação previdenciária no Brasil.
Registramos, ainda, a importância das novas diretrizes curriculares que já resultam no aumento das cadeiras ligadas à assessoria de imprensa nas grades dos cursos de jornalismo, fortalecendo ainda mais a formação e valorização do diploma.
Inspirados pelo Dragão do Mar, como ficou conhecido o jangadeiro Francisco José do Nascimento, o maior herói popular da história abolicionista do Ceará, os jornalistas reunidos neste encontro acreditam que somente a unidade dos trabalhadores será capaz de conquistar estas garantias democráticas que representam um avanço não só para os profissionais da comunicação, mas para todo o povo brasileiro.