A saga dos jornalistas do Ceará do segmento de jornais e revistas em busca da renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria continua. Mesmo após a retomada das negociações entre o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) e o Sindicato das Empresas de Jornais e Revistas do Ceará (Sindjornais), em junho deste ano, os patrões seguem sem apresentar respostas sobre a pauta de reivindicações. A situação levou os profissionais a acumularem, com o vencimento de mais uma data-base em setembro de 2021, três anos sem reajuste salarial.
Mais de três meses depois da negociação, que aconteceu em oito de junho, os representantes do sindicato empresarial argumentam que ainda não consolidaram a proposta a ser apresentada aos trabalhadores de jornais e revistas do estado. A desculpa é a mesma nas reiteradas e contínuas cobranças feitas pelo Sindjorce, inclusive na comunicação feita nesta segunda-feira (13/09).
Na avaliação do Sindicato dos Jornalistas, a letargia do segmento patronal, que hoje conta basicamente no segmento impresso com os jornais O Povo, O Estado, O Otimista e Jornal do Cariri, além de publicações de menor porte, tem precarizado ainda mais as relações de trabalho dos jornalistas cearenses, que, assim como toda a classe trabalhadora do país, já sofrem os revezes da política desastrosa do Governo Bolsonaro e da Pandemia de Covid-19.
Até o último encontro, os trabalhadores cobravam a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), instrumento jurídico que prevê um conjunto de direitos específicos da categoria, e as reposições salariais relativas aos ciclos de 1º de setembro de 2019 e 2020. Só o percentual de Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado dos dois anos alcança 6,81%.
Conforme o presidente do Sindjorce, Rafael Mesquita, os jornalistas de impresso não podem mais esperar. “Ao passo que atualizamos as informações sobre as difíceis negociações, desde já advertimos a categoria que precisaremos intensificar novamente as mobilizações, assim como fizemos em fevereiro de 2021 e levamos ao fechamento das negociações da época de Rádio e TV e a remontada, um pouco depois, das discussões de impresso”, destaca o presidente.
Para a direção do Sindicato, não está descartada a possibilidade de retomada do Estado de Greve, realização de mobilizações nos locais de trabalho, nova campanha de denúncia à sociedade e paralisação das redações. “Vamos oficiar novamente o Sindjornais nesta semana. Caso não tenhamos respostas dos patrões nos próximos dias, chamaremos uma assembleia para aprovar uma nova agenda de lutas. Não descartamos até uma eventual greve. Neste momento crítico, é preciso reforçar o nosso propósito e clamor”, avalia Rafael Mesquita.