Jornalismo necessita de diálogo intergeracional e mais espaço para a 3ª idade

Os jornalistas não podem ignorar as mudanças que ocorrem no interior da sociedade, na qual está a principal área de atuação do jornalismo. No entanto, por que a mídia brasileira ainda dedica tão pouco espaço ao fenômeno do envelhecimento da população brasileira? Em busca de respostas, o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) realizou, no dia 30 de setembro, véspera do Dia do Idoso, a roda de conversa “Jornalismo e Terceira Idade”.

Os debatedores foram os jornalistas Miguel Macedo e Ian Gomes. A atividade, mediada pela presidente do Sindicato, Samira de Castro, integrou o projeto Sindjorce de Portas Abertas, que tem o objetivo de ampliar a aproximação da categoria e da sociedade com o sindicato, com eventos abertos ao público, sempre aos sábados. A roda de conversa teve transmissão ao vivo pela fanpage do Sindjorce no Facebook.

Professor de Projeto Integrado, do curso de Jornalismo da Uni7, Miguel Macedo coordenou o livro “Abrigo dos Idosos – A arte de descascar memórias”, com perfis de 12 pessoas internas no Olavo Bilac, instituição mantida pelo Estado em Fortaleza. os textos foram elaborados por ex-alunos da disciplina. “Nosso objetivo foi proporcionar o contato dos alunos com essas pessoas, possibilitando o diálogo entre gerações e fortalecendo o entendimento da função social do Jornalismo”, disse.

Ian Gomes, por sua vez, falou do programa produzido e apresentado por ela, o Viver Mais, na TV Ceará, que aborda a longevidade de maneira positiva. “O que fazer com o tempo que nos resta é uma das principais propostas do programa”, disse a jornalista, destacando que “enquanto há vida, é permitido sonhar, fazer planos”. A ideia do programa, que estreou dia 5 de agosto, surgiu do contato de Ian com a Universidade Sem Fronteiras, onde viu pessoas de idade já avançada aprendendo novos conhecimentos.

Na platéia, decanos do jornalismo cearense como a integrante da Comissão de Ética dos Jornalistas do Ceará, Telma Costa, que coordena o projeto Café e Memória do Jornalismo Cearense, um resgate das histórias de vida e de atuação profissional de jornalistas veteranos; o jornalista José Carlos Araújo que, aos 92 anos, mantém um jornal semanal de turismo; e o jornalista, radialista e presidente da Crônica Carnavalesca, Francisco Félix, que apresenta programa diária de rádio em Maracanaú. Todos concordaram que a mídia precisa dar mais espaço à questão dos idosos, tratando-os como parcela importante da sociedade, sem rótulos ou clichês.

Outro tema abordado foi o preconceito com profissionais experientes nas redações e a “ditadura da juventude” no Jornalismo. Ian Gomes disse que é muito comum, após os 45 anos, o jornalista ser considerado “velho para estar na TV”. Samira de Castro lembrou que, há alguns anos, o Infoglobo demitiu todos os profissionais com mais de 50 anos, numa clara atitude discriminatória que rendeu a abertura de investigação por parte do Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro. A professora Ana Márcia Diógenes destacou que o Jornalismo necessita do diálogo intergeracional para que visões de mundo diferente se complementem. “Em termos de vida, nada se congela”, frisou.


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