Jornalista: Profissional Coragem!

Em tempos de informações fraudulentas, avanço da precarização das relações de trabalho e assédios, dentro e fora dos locais de trabalho, é reafirmada a máxima de que para ser jornalista é preciso ter coragem!

Além dos compromissos profissionais, que têm como prisma o interesse público e a ética, a atividade jornalística carrega uma dose de incômodo e impacto na vida social, política e econômica. Os jornalistas lidam com poderes, com poderosos e com interesses e fazer isso implica sim em alguns riscos. Não à toa, a violência contra os operários da notícia seja constante e crescente, sobretudo após a instabilidade institucional vivenciada no Brasil. O fato é que os jornalistas levam consigo, portanto, o imperativo de desbravar a realidade e ativar a esfera pública, ainda mais em períodos de agitação social.

A maioria das pessoas tem dificuldade de se colocar nesse lugar, principalmente quando se vive um dos períodos mais caóticos para se exercer o jornalismo, marcado por perseguição institucional, liderada até por presidentes de grandes países; ultrajante conjuntura trabalhista, com desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), demissões coletivas, acúmulo de tarefas, jornadas extenuantes e destruição de direitos históricos acumulados; e o crescimento de práticas degradantes, conduzidas pelos donos de veículos de comunicação e demais empregadores, que são caracterizadas por humilhações, ameaças, assédios e até violências sexuais.

Como diria Guimarães Rosa, “o que a vida quer da gente é coragem” e isso diz respeito também à capacidade de reação coletiva aos ataques contra o jornalismo e os jornalistas. Uma das provas deste enfrentamento foi a tomada de coragem de profissionais que se organizam nos locais de trabalho de realizarem protestos, produzirem documentos coletivos e lançarem mão de atos simbólicos, como vestir preto em sinal de luto às brutalidades sofridas. E este não é um dado de 2019, mas uma característica dos últimos anos, onde a organização coletiva dos jornalistas cresce para resistir a intempéries. Também é prova de persistência coletiva a tarefa de instigar, propor e incentivar colegas a não serem levados pela inércia, pelo desânimo, pela rendição ou pela insegurança.

A sobrevivência do jornalismo enquanto profissão será resultado da capacidade de diálogo e organização coletiva da categoria, assim como o devido reconhecimento social do papel e das garantias da categoria. É preciso preservar a prerrogativa do jornalismo de se “interessar pelos outros” e esses outros são nossos colegas, a quem damos as mãos, e o nosso público, que merece e precisa do jornalismo profissional. Sobre esse ponto, é importante frisar que não cabe aqui falar do “bom” jornalismo. Não existe “bom” ou “mal” jornalismo. Existe o jornalismo e é este que defendemos. Atividade plural e de inspiração democrática. O jornalismo, por sinal, tornou-se cada dia mais necessário, cada dia mais essencial para garantir uma sociedade livre e justa!

Valorização e respeito ao jornalista: demanda social, necessidade coletiva!

Fortaleza, 7 de abril de 2019

Diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Ceará

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