O Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT 7ª Região) começou a ouvir as testemunhas do caso do jornalista, apresentador e narrador esportivo da TV Verdes Mares, afiliada da Globo, Kaio Cézar, que se demitiu ao vivo durante uma edição do Globo Esporte local. O profissional acusa membros da emissora de assédio moral. O órgão iniciou a investigação a partir da denúncia protocolada pelo Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), que já havia acionado o MPT, em outubro de 2018, pelos descumprimentos de direitos dos jornalistas em decorrência da integração das redações do Sistema Verdes Mares.
Kaio Cézar já foi ouvido, e as testemunhas serão chamadas em seguida. Além disso, outras pessoas que afirmam terem sido vítimas de assédio na empresa também irão depor. A intenção do MPT é investigar se há casos de assédio dentro da TV Verdes Mares. Caso conclua que a prática é recorrente, uma ação civil pública será aberta contra a emissora cearense. O jornalista se demitiu ao vivo no dia 16 de fevereiro, alegando ser vítima de assédio moral e de forte precarização no trabalho, conforme relatou o próprio trabalhador em seu perfil numa rede social.
O Sindjorce recebeu dezenas de reclamações recebidas da categoria de que a integração das redações no Sistema Verdes Mares causou ampliação da jornada de trabalho, acúmulo e desvio de funções, assédios e outras irregularidades trabalhistas. Segundo relato de colegas, Kaio Cézar acumulava funções, como produzir, editar e ancorar quadros e programas. O profissional, inclusive, foi um dos demitidos da rádio Verdes Mares AM, no último passaralho registrado. Ou seja, passou a ter um único salário, enquanto continuava a trabalhar para a rádio, mesmo sendo remunerado somente pela TV.
A realidade enfrentada por Cézar é, infelizmente, comum a quase todos os funcionários dos veículos do Sistema Verdes Mares. Desde que uma consultoria conduziu o desastroso processo de modificação das redações, os únicos resultados são o aumento da precarização, das pressões e dos adoecimentos. Há informações inclusive do uso desenfreamento de medicamentos contra ansiedade e antidepressivos.
“Não podemos naturalizar questões como descumprimentos de direitos trabalhistas, assédios e adoecimentos. Por isso, nossa luta é por respeito e dignidade, como disse o colega, num ato de heroísmo, ao fazer o que muitos não têm condições de fazer, e de desespero, por não suportar mais um ambiente de trabalho que o fez adoecer”, avalia a presidente do Sindjorce e segunda tesoureira da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro.
Com informações do UOL Esporte