Na próxima segunda-feira, 3 de agosto, o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), em parceria com grupos de estudo e pesquisa, entidades do movimento negro e sites, promoverá o debate virtual “História, Pesquisa e Realidade: a formação da identidade cearense”.
A live, que acontece às 16 horas e será transmitida pelo Facebook, tem como convidados/as Larissa Gabarra, doutora em História Social da Cultura e professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Hilário Ferreira, mestre em História e professor da Universidade Ateneu, e Martír Silva, advogada, mestre em Políticas Públicas e membro da coordenação do Movimento Negro Unificado no Ceará (MNU). A mediação será do jornalista Rafael Mesquita, presidente do Sindjorce.
Objetivo do evento online é problematizar as narrativas em torno da identidade da população do Ceará, destacando o papel de pesquisas, debates sociais e da ação das elites locais na construção deste imaginário social. Um território que, passados 136 anos da abolição oficial no estado do Ceará, ainda silencia a contribuição dos povos negros e indígenas na formação da cultura e da sociedade local.
Conforme Arilson dos Santos Gomes, professor da Unilab e um dos idealizadores da transmissão, o discurso sobre a formação do Ceará, então monopólio da aristocracia local, trabalhou a negação da presença negra e indígena no estado. “Américo Ribeiro escreveu que o Ceará era mais feliz que outras províncias porque não tinha a mescla com negros. Quanto aos povos indígenas, segundo memorialistas, as suas relações com os europeus, forjou os filhos da ‘Terra da Luz’, um caboclo que seria decantado como um tipo cearense. Como se no período colonial, as relações entre colonizadores e colonizados fosse uma novela em que o final feliz projetou uma identidade harmônica, sem tensões e conflitos”, destaca.
Somente nas últimas décadas, a partir de dados apurados por organizações sociais, assim como por pesquisas acadêmicas e os movimentos sociais negros e indígenas, é que se passou a evidenciar a presença marcante desses grupos na formação passada e atual da sociedade e da identidade cearense. “Na década de 1980, como demonstraram pesquisas de Alex Ratts, viu-se o ‘aparecimento’ de grupos indígenas desconhecidos ou considerados extintos e a presença de comunidades negras no Estado”, aponta o professor da Unilab.
Arilson, lembra, por fim, que é preciso indagar o perigo de uma história hegemônica, que não considera os avanços que ocorreram no reconhecimento do protagonismo dos grupos colocados, historicamente à margem na formação da identidade cearense por conta de um pensamento colonial que insiste em construir a manutenção de uma civilidade ocidental à europeia.
Serviço:
Debate Ao Vivo – História, Pesquisa e Realidade: a formação da identidade cearense
Segunda-feira, 03 de agosto, às 16 horas
Assistir em:
facebook.com/sindjorce e nas páginas das organizações apoiadoras
Realizadores e apoiadores:
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará – Sindjorce
Fórum de ações afirmativas e Educação para as relações etnico-raciais do Ceará
Serviço de Promoção da Igualdade Racial/ Sepir Unilab
Grupo de estudos anticoloniais/ História – UFC
Núcleo das Africanidades Cearenses / Nace
Tierno Bokar: Núcleo de Pesquisas e Estudos sobre o fenômeno religioso
Grupo de Estudos com Povos Indígenas
Azânia – Grupo de Estudos e Pesquisas em Cultura, Gêneros, Sexualidades, Religião, Performances e Educação
Oritá: Grupo de Pesquisa, Espaços, Identidades e Memórias
Curso de Antropologia da Unilab
Site Ceará Criolo
Site Negrê
Movimento Negro Unificado – Ceará – MNU/CE
Central dos Movimento Populares – Ceará – CMP/CE
Enegrecer – Coletivo Nacional de Juventude Negra
Diálogos Negros