Está no blog do jornalista Fernando Rodrigues, no UOL: nomes ligados à Globo, SBT, Estadão e Abril e TV Verdes Mares são citados na investigação jornalística internacional denominada Panama Papers, que denuncia um esquema mundial de ocultação de dinheiro e patrimônio em offshores (paraísos fiscais) realizado pela empresa de advocacia Mossack Fonseca, do Panamá.
São citados Paula Marinho, que é neta de Roberto Marinho (fundador da Globo), além de diretores e ex-diretores do Grupo Globo, como Carlos Henrique Schroder. Também aparecem Yolanda Queiroz, presidente do Grupo Edson Queiroz, dono da TV Verdes Mares, repetidora da Globo no Ceará; o apresentador Carlos Massa (o Ratinho), dono da Rede Massa de Televisão; um sócio do grupo Bloch (antigo dono da Rede Manchete), Pedro Jack Kapeller; o ex-senador João Tenório, dono da TV Pajuçara, afiliada do SBT em Alagoas; e Antonio Droghetti Neto, sócio das TVs Studio Vale do Paraíba e Jaú, de São Paulo.
Do Grupo Estado, que publica o jornal O Estado de S. Paulo, têm nomes ligados a offshores Ruy Mesquita Filho e o presidente do Conselho de Administração do Grupo Estado, Walter Fontana Filho. A lista completa dos citados você encontra na reportagem de Fernando Rodrigues.
Offshore de Yolanda Queiroz foi usada para abrir conta no HSBC da Suíça
De acordo com a reportagem publicada no UOL (07/05), Yolanda Vidal Queiroz aparece nos documentos na Mossack Fonseca como diretora da Engel Blue Corporation — função assumida em 1988. Seu nome permanece ligado à companhia.
As revelações do SwissLeaks — outra investigação jornalística comandada pelo Consórcio Internacional de Jornalistyas Investigativos (ICIJ, na siugla em inglês) — mostram que a offshore da viúva do industrial Edson Queiroz foi usada para abrir uma conta no HSBC suíço.
Em mensagem de 2006, assinada pela própria Yolanda Queiroz, a matriarca afirma que é a única diretora da Engel Blue, bem como sua única acionista. Em 2009, a offshore passa a ser administrada por outra empresa, a Audina Management.
Nos anos seguintes, outras companhias ligadas à Audina assumem a direção da Engel Blue. Segundo o UOL, não há novas menções a Yolanda, o que deixa dúvidas sobre sua permanência no controle acionário da firma.
Procurada pela reportagem do UOL, Yolanda Queirtoz não se manifestou. O contato foi feito com uma secretária, de nome Marilac.
Os Queiroz no “SwissLeaks”
A empresária Yolanda Queiroz está na lista dos 22 proprietários de veículos de comunicação citados no escândalo do “SwissLeaks”, com conta no valor de US$ 83,9 milhões. A lista aponta os nomes de 8.667 brasileiros que tinham contas numeradas no HSBC da Suíça entre 2006 e 2007.
Só há uma possibilidade de o saldo bancário de quase US$ 84 milhões em nome de Yolanda Queiroz e filhos no HSBC de Genebra ser lícito: se a existência do dinheiro no exterior tiver sido comunicada à autoridade fiscal brasileira. Se não tiver comunicado ao Banco Central e à Receita Federal, é sonegação. É preciso verificar, ainda, a origem do dinheiro.
O problema é que o próprio Conselho Administrativo do Grupo Edson Queiroz, detentor do Sistema Verdes Mares, disse “desconhecer” a existência da conta corrente em nome da viúva do industrial Edson Queiroz e das filhas do casal Lenise e Paula. O nome de Edson Queiroz Filho, morto em 2008, também aparece como titular da conta que, segundo UOL/O Globo, continua ativa.
A conta da família Queiroz no exterior tem o segundo maior saldo entre os correntistas donos de veículos de comunicação, só perdendo para o proprietário da Rede Transamérica, Aloysio de Andrade Faria, que no período mantinha US$ 120,6 milhões no nome dele.
Esquemas revelados
Os Panama Papers vazaram mais de 11 milhões de documentos confidenciais que revelam nomes de indivíduos e empresas que recorreram à empresa Mossack Fonseca para lavagem de dinheiro e fuga a impostos e sanções.
Foram expostas cerca de 200 mil offshores de indivíduos e empresas de mais de 200 países diferentes. Entre os nomes na lista estão vários políticos e personalidades públicas como o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e Lionel Messi, jogador de futebol.
Do Brasil, os Panama Papers mencionam o presidente afastado da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-deputado federal João Lyra (PTB-AL) e do ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), entre outros. Existem pelo menos 57 brasileiros envolvidos.
As offshore são muitas vezes usadas em esquemas de lavagem de dinheiro mas nem todos os usos de empresas offshore são ilegais.
Offshore é um termo em inglês que significa “afastado da costa”, na tradução para o português. Em termos financeiros, é designada por offshore uma empresa que tem a sua contabilidade num país distinto daquele onde exerce a sua atividade.