38º Congresso vai debater desinformação, checagem de fatos e proteção de dados pessoais

A proliferação de conteúdos mentirosos e enganosos, distribuídos massivamente por meio de aplicativos de mensagens e redes sociais, à vista grossa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi determinante para o resultado das eleições de 2018 no Brasil. Não que este tenha sido um fenômeno exclusivo no país – a escalada da desinformação em processos eleitorais correu o mundo e resultou numa ascensão da extrema-direita nos EUA e na Europa – mas abriu discussões sobre o papel da atividade jornalística como mediadora do debate social e sobre a perda de credibilidade do Jornalismo. Ao mesmo tempo, essa situação colocou em evidência o próprio Jornalismo e as novas possibilidades de trabalho a partir do fact-cheking.

Para conter a avalanche de desinformação, surgiram as legislações restritivas à propaganda impulsionada em plataformas digitais e as iniciativas de fact-checking. O surgimento de novas instâncias de verificação mostra como a checagem de fatos se converteu na principal aposta do Jornalismo para tentar responder à desinformação em massa. Mas não foi suficiente para frear o compartilhamento de boatos pelo WhatsApp. “O uso do aplicativo criou uma espécie de ‘desinformação à brasileira’. Em 2019, para se firmar como uma resposta a este fenômeno, o fact-checking também vai precisar se abrasileirar”, defende a jornalista Taís Seibt, numa análise sobre o tema para a Farol Jornalismo e Abraji.

Temas em discussão no Congresso de Fortaleza

O 38º Congresso Nacional dos Jornalistas, que acontecerá de 22 a 24 de agosto em Fortaleza-CE, terá um painel sobre desinformação em massa, fact-cheking e Lei de Proteção de Dados Pessoais, intitulado “Internet e (des)informação: desafios para o presente”. A mesa será no dia 23 de agosto, a partir de 11h, no Hotel Sonata de Iracema, reunindo o professor da Famecos, jornalista, chargista e diretor da Federação Nacional dos Jornalistas, Celso Schröder; a diretora executiva e cofundadora da plataforma de verificação Aos Fatos, Tai Nalon; e a coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e secretária geral do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, Renata Mielli.

Uma das preocupações da comissão organizadora do 38º Congresso Nacional dos Jornalistas, que é uma iniciativa da FENAJ, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), foi trazer à discussão da categoria e da sociedade o que é preciso para afirmar o Jornalismo e o papel dos jornalistas – o tema central do evento. “Estamos vivendo uma conjuntura desfavorável, em que redações tradicionais desempregam cada vez mais, por conta da crise do modelo de negócios baseado em publicidade, sobretudo nos impressos; a convergência tecnológica sobrecarrega os que ainda se mantêm empregados nas mídias tradicionais; a falta de credibilidade dos veículos e jornalistas (em função de linhas editoriais e coberturas enviesadas) e a proliferação da desinformação como arma política”, avalia Samira de Castro, diretora de Comunicação do Sindjorce e membro da Diretoria Executiva da FENAJ.

A dirigente sindical frisa que, apesar do cenário completamente adverso – inclusive com a categoria escolhida como alvo do presidente Jair Bolsonaro e de seus seguidores nas redes sociais – nunca se precisou tanto do Jornalismo e, por consequência, do trabalho dos jornalistas. “Precisamos lembrar que foram as reportagens da Folha de São Paulo que denunciaram ao Brasil o esquema de envio de mensagens falsas pelo WhatsApp, pago por empresários e que não constavam como doação de campanha ao partido do presidente. Foram as matérias dos grandes jornais que mostraram a utilização de candidaturas laranja de mulheres no PSL para o recebimento de recursos do fundo partidário e desvio a outras candidaturas ou uso indevido de verbas”, recorda Samira de Castro.

Recentemente, a relação mantida entre procuradores da Operação Lava Jato e o então juiz Sergio Moro, que fere o Código de Processo Civil e a ética no sistema acusatório brasileiro, foi desnudada pelo site The Intercept Brasil, na série de reportagens Vaza Jato. “São informações de interesse público que estão vindo à tona pelo trabalho dos jornalistas do TIB, coordenados por Glenn Greenwald, e que de maneira muito série e até generosa, promoveu um consórcio entre veículos tradicionais de mídia para a divulgação maciça desses dados. Então, se foram as mentiras disfarçadas de notícias que nos trouxeram até aqui, acredito que só o Jornalismo pode resgatar  o estado democrático de direito e a democracia no Brasil”, finaliza a diretora do Sindjorce e da FENAJ.

Sobre o Congresso

As inscrições podem ser feitas AQUI. O valor é de R$ 390,00. Estudantes de Jornalismo (graduação), jornalistas associados ao Sindjorce e em dia com as obrigações sindicais, jornalistas comprovadamente desempregados, jornalistas aposentados e filiados à Associação Brasileira de Podcasters (ABPOD) pagam R$ 195,00. Os valores podem ser parcelados em até seis vezes sem juros no cartão de crédito ou PagSeguro. As inscrições dão direito às palestras, material gráfico e lanche.

Em tempo:

Aos Fatos fez um material bem didático sobre proteção de dados pessoais em apps e plataformas. Em português e bem desenhadinho.

Quem é o público do fact-checking? Esse é o foco do primeiro episódio de (Mis)informed, uma séria podcasts do Poynter sobre os desafios da checagem defatos e da desinformação.


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