Nada menos do que 51% dos 5.570 municípios brasileiros são considerados desertos de notícias – cidades onde vivem 30 milhões de pessoas sem acesso a informações produzidas regionalmente por veículos de comunicação locais. Os dados são do projeto “Atlas da Notícia”, que faz o mapeamento do jornalismo local no país. Segundo o levantamento, municípios com escassez de imprensa local são mais presentes nas regiões Norte (70% dos municípios) e Nordeste (64%) do Brasil.
“Em 30% das cidades, onde habitam 34 milhões de pessoas, há só um ou dois veículos de comunicação. Esses municípios são considerados ‘quase desertos’ e correm o risco de se tornarem desertos de notícias”, explica Mariama Correia, repórter e pesquisadora do Nordeste do projeto Atlas da Noticia. A jornalista vai falar sobre o tema no 38º Congresso Nacional dos Jornalistas, que acontecerá em Fortaleza, de 22 a 24 de agosto deste ano, numa realização da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), em parceria com o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce).
O painel “Jornalismo de proximidade e os desafios da profissão fora dos grandes centros” acontecerá no dia 23 de agosto (sexta-feira), a partir de 11h, no Hotel Sonata de Iracema. Além da pesquisadora do Nordeste do “Atlas da Notícia”, contará com a contribuição de Fernando Firmino da Silva, professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo na Universidade Federal da Paraíba (UFPB); e de Valci Zuculoto, professora de graduação e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina e diretora da FENAJ.
Desertos de notícias e IDH
De acordo com Mariama Correia, o levantamento do Atlas da Notícia apontou uma correlação dos desertos de notícias com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Percebeu-se que, nas cidades com IDH maior, o jornalismo local se faz mais presente. “É muito importante a presença do jornalismo local. A gente fala hoje em dia: ‘ah… tem internet… todo mundo recebe notícia. Uma coisa é a pessoa receber notícia sobre um decreto que o presidente baixou e outra coisa é ela receber notícia sobre a sua região, seu, Estado, sua prefeitura”, comenta.
Para a pesquisadora, “é importante identificar os desertos de notícias para saber onde o jornalismo local não está chegando e, a partir disso, poder orientar políticas e projetos para desenvolver o jornalismo nessas regiões”. A professora Valci Zuculoto completa: “estamos observando uma necessidade cada vez maior de praticar o jornalismo local, para que a sociedade realmente seja informada, o que é o seu direito. Mas o jornalismo local também é importante para o nosso mercado de trabalho. No rádio, as transformações do meio, sobretudo em função da migração do AM para o FM, estão potencializando e exigindo mais a prática do radiojornalismo de proximidade”.
Como participar do Congresso
As inscrições para o 38º Congresso Nacional dos Jornalistas podem ser feitas AQUI. O valor é de R$ 390,00. Estudantes de Jornalismo (graduação), jornalistas associados ao Sindjorce e em dia com as obrigações sindicais, jornalistas comprovadamente desempregados, jornalistas aposentados e filiados à Associação Brasileira de Podcasters (ABPOD) pagam R$ 195,00. Os valores podem ser parcelados em até seis vezes sem juros no cartão de crédito ou PagSeguro. As inscrições dão direito às palestras, material gráfico e lanche.
Esta edição do maior fórum de discussões e deliberações da categoria tem o apoio do Governo do Estado do Ceará, da Prefeitura de Fortaleza, da Assembleia Legislativa do Estado, da Câmara Municipal de Fortaleza, do Banco do Nordeste (BNB), dos mandatos dos deputados estaduais Augusta Brito (PCdoB) e Moisés Braz (PT), do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Estado do Ceará (Sintufce), do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Ceará (Sindiagua) e do Sindicato dos Eletricitários do Estado do Ceará (Sindeletro). O apoio institucional é da Associação Brasileira da Podcasters (Abpod).
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Leia matéria da Mariama Correia sobre o avanço do jornalismo digital no Nordeste