Agressões contra jornalistas crescem 17,52% em 2016

O Brasil continua a ser um país violento para o exercício do Jornalismo, ainda que a profissão de jornalista não seja intrinsecamente uma profissão de risco. O número de agressões contra jornalistas voltou a crescer em 2016, em comparação com o ano de 2015, que já havia registrado crescimento em relação ao ano anterior. Foram 161 casos de violência contra a categoria, 24 a mais do que os 137 casos registrados em 2015. O total de vítimas foi de 222 jornalistas, visto que em várias ocorrências, mais de um profissional foi agredido.

Os dados constam no Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa 2016, lançado pela presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Maria José Braga, no dia 12 de janeiro, no Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro. A presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) e 2ª tesoureira da FENAJ, Samira de Castro, participou do lançamento.

Queda nos assassinatos de comunicadores

O número de casos de violência extrema manteve-se o mesmo: dois jornalistas foram assassinados em decorrência do exercício da profissão. Minas Gerais, estado em que ocorreram assassinatos em 2015 e 2013, voltou a registrar uma morte. O jornalista Maurício Campos, dono do jornal O Grito, foi vítima de um desconhecido.

O outro assassinato ocorreu em Santo Antônio do Descoberto, município goiano localizado no entorno de Brasília. João Miranda do Carmo, responsável pelo site SAD Sem Censura, foi assassinado pelo ex-chefe da Segurança da Administração Municipal, Douglas Ferreira de Morais, e o filho dele, Rooney da Silva Morais.

Mas em 2016 houve uma queda expressiva no número de assassinatos de outros profissionais da comunicação, em comparação com o ano anterior. Foram assassinados dois radialistas, um blogueiro e um comunicador populares, totalizando quatro mortes, enquanto em 2015 houve nove assassinatos.

Esses casos estão citados neste Relatório para efeito de registro, mas não são somados aos números totais de ocorrências de violência contra jornalistas, visto que essas vítimas ou pertencem a outra categoria profissional (a de radialistas) ou são comunicadores populares.

Também constam dos relatos, com finalidade de registro, mas sem serem computados, os assassinatos de dois jornalistas sem relação com o exercício profissional do Jornalismo. Consta, ainda, o caso do acidente com o avião da Lamia que transportava o time da Chapecoense, ocorrido na Colômbia, do qual 21 jornalistas foram vítimas fatais. Foi o acidente com o maior número de jornalistas mortos da história.

Agressões físicas predominam

As agressões físicas foram a violência mais comum também em 2016, repetindo a tendência dos anos anteriores.  Houve 58 casos, nove a mais que no ano anterior. Mais uma vez grande parte das agressões físicas foi registrada em manifestações de rua, em número superior ao resgistrado em 2015, mas inferior às ocorridas nos anos de 2013 e 2014.

Em 2016, ocorreram também 26 casos de agressões verbais, 24 casos de ameaças e/ou intimidações, cinco atentados, 18 casos de cerceamento à liberdade de imprensa por meio de ações judiciais, 13 ocorrências de impedimento do exercício profissional,  dez prisões, três casos de censura e ainda dois casos de violência contra a organização sindical dos jornalistas.

Também é preciso registrar que em 2016, por ser ano eleitoral, partidos e candidatos recorreram à Justiça para impedir a circulação de informações, principalmente nas redes sociais. A maior parte das ações judiciais referiam-se à legislação eleitoral. Aquelas que notadamente tinham como objetivo impedir a divulgação de informações jornalísticas estão descritas neste Relatório.

A violência contra jornalistas

Assassinatos –  2 jornalistas –  1,24%

Agressões físicas –  58 casos  – 36,03%

Agressões verbais – 26 casos –  16,15%

Ameaças/intimidações –  24 casos – 14,91%

Atentados –  5 casos –  3,11%

Censura –  3 casos – 1,86%

Cerceamentos à liberdade de expressão por meio de ações judiciais – 18 casos – 11,18%

Impedimentos ao exercício profissional – 13 casos – 8,07%

Prisões/Detenções/Cárcere privado – 10 casos – 6,21%

Violência contra a organização sindical – 2 casos  – 1,24%

Acesse o relatório: http://fenaj.org.br/wp-content/uploads/2016/06/relatorio_fenaj_2016.pdf

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