Campanha Salarial de Rádio e TV: empresas oferecem metade da inflação

Depois de três meses do envio da pauta de reivindicações dos jornalistas empregados em emissoras de rádio e televisão, a primeira reunião de negociação entre o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) e o Sindicato das Emissoras de Rádio e TV (Sindatel) aconteceu no dia 4 de abril, na sede da Associação Cearense das Emissoras de Rádio e Televisão (Acert). E a proposta patronal é extremamente rebaixada: 50% da inflação da data-base, que é 1º de janeiro deste ano. Ou seja, um reajuste para pisos, salários e demais cláusulas econômicas (Seguro de Vida e Reportagem Especial) de 3,29%, uma vez que o INPC do período em discussão foi de 6,58%. Os patrões oferecem, ainda, parcelamento dos três meses de retroativo.

A presidente do Sindjorce, Samira de Castro, recusou a proposta das empresas, que classificou como inaceitável e indefensável perante a categoria. Argumentou que somente a inflação de alimentos em Fortaleza chegou a 8,5%. E apresentou na hora contraproposta de 10% de reajuste linear. Os jornalistas estavam pleiteando 12,29%, além de Vale Cultura de R$ 50,00, ampliação da licença paternidade para 10 dias e uma cláusula relativa à segurança dos profissionais de Jornalismo. As reivindicações sociais sequer chegaram a ser discutidas, numa reunião que durou mais de uma hora.

Embora reconhecendo que “o jornalista é a cabeça do negócio”, uma vez que é o profissional quem “produz conteúdo e dá relevância às empresas de comunicação”, a presidente do Sindatel, Carmen Lúcia Dummar Azulai, disse que as empresas estão sem condições de repor a inflação. “Se sufocar (as empresas), morre todo mundo junto”, disse a empresária.

“Podemos fechar um acordo de dois anos, acertando 50% da inflação para 2017 e a inflação cheia para 2018”, afirmou Carmen Lúcia. “Não temos como evitar demissões. Já tem empresa suando a camisa para pagar a folha”, disse ela para, em seguida, afirmar que as emissoras “não têm mais como enxugar pessoal de redação”. Disse, ainda, que não iria apresentar a contraproposta de 10% de reajuste apresentada na hora pela comissão do Sindjorce.

A presidente do Sindjorce retrucou que a inflação do período negociado está praticamente a metade do INPC de 2016, que foi de 11,28%. “Os trabalhadores já assumiram perdas e 50% do índice inflacionário significa que eles vão trabalhar com encolhimento de salário, ou seja, redução significativa do poder de compra”, reforçou Samira de Castro.

O advogado da Acert, Afro Lourenço, por sua vez, afirmou que “se os trabalhadores já assumiram essa perda, porque a campanha se refere ao que foi trabalhado em 2016, então eles vão entender a situação das empresas e pensar no futuro”. Os diretores do Sindjorce presentes rebateram a argumentação: não dá para pensar em futuro da comunicação sem o profissional remunerado de maneira digna.

 


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