Campanha Salarial: Jornais do CE terão de apresentar balanços financeiros ao MPT

Uma Notificação Requisitória do Ministério Público do Trabalho (MPT), expedida no dia 12, dá um prazo de dez dias para o Diário do Nordeste, O Povo e O Estado apresentarem os balanços patrimoniais dos exercícios financeiros de 2012 a 2014. Despacho nesse sentido, assinado pelo procurador Cláudio Alcântara Meireles, foi encaminhado ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas (Sindjornais).

O procurador Cláudio Meireles já havia solicitado ao Sindjornais informações sobre a situação financeira das empresas para averiguar se o reajuste salarial oferecido aos jornalistas era compatível com os lucros obtidos pelos jornais. No entanto, os dados apresentados pelo sindicato patronal foram considerados insuficientes pelo MPT.

“A informação prestada pelo Sindjornais é parcial e incompleta, eis que indica índices (de reajustes salariais dos jornalistas) de apenas alguns Estados da Federação e refere-se tão somente a um insumo (papel jornal), sem sequer especificar sua participação nos custos empresariais”, afirma o texto do despacho.

Salário é “razoável”, diz Sindjornais

Além de não apresentar os dados financeiros inicialmente requisitados, o Sindjornais ainda debochou da categoria na manifestação apresentada no dia 5 de junho. Enquanto os profissionais do Ceará têm a menor remuneração média entre os jornalistas brasileiros, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), ficando na frente apenas do Piauí, o Sindjornais defendeu no documento entregue ao MPT que o salário do jornalista cearense é “razoável”.

“Ao contrário do que tenta fazer crer o sindicato laboral (Sindjorce), a média salarial dos jornalistas cearenses está dentro da razoabilidade para a situação financeira das empresas que compõem o setor, sendo certo que se encontra acima de vários Estados da Federação”, diz o texto da manifestação patronal assinada pelo advogado Raimundo Feitosa Carvalho Gomes.

“Diante da mais completa falta de argumentos que justifiquem a proposta de reajuste salarial apresentada aos jornalistas, os jornais chegam ao desespero de contestar os números da RAIS, cuja base de dados é alimentada pelas próprias empresas de comunicação”, critica a presidente do Sindicato dos Jornalistas no Ceará (Sindjorce), Samira de Castro.

Categoria exige argumentos

De acordo com a presidente do Sindjorce, a apresentação dos balanços dos três maiores jornais do Ceará será fundamental para que o MPT e a categoria saibam se os salários pagos aos jornalistas no Estado são realmente “razoáveis” e compatíveis com a situação financeira das empresas.

“Se os jornais provarem que ‘é grave a crise’, como dizem, podemos até fazer o debate com os colegas. Mas não aceitaremos a proposta oferecida na base do ‘é só isso, ou dissídio coletivo’. Se os donos de jornais têm dados concretos que justifiquem o índice do reajuste salarial, então esses argumentos precisam ser expostos para os jornalistas decidirem se aceitam ou não”, explica Samira de Castro.

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