Com 20 profissionais contaminados, Ceará registra dois jornalistas mortos por Covid-19

Ao menos 20 jornalistas cearenses foram infectados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia até esta sexta-feira (22/05), conforme apurou o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce). Dois profissionais da mídia foram vitimados no Estado até o momento: Marcos Dublê (repórter-cinematográfico da TV Metrópole) e Alexandre Rangel (presidente do Comitê de Imprensa da Câmara Municipal de Fortaleza). E pelo menos 15 trabalhadores da imprensa estão com suspeitas de contaminação.

Na linha de frente da cobertura sobre a crise sanitária no Estado, que registra o terceiro maior número de contaminações e óbitos pela doença em todo o país, os operários da notícia seguem colocando suas vidas em risco para levar informações à população. “O principal problema tem sido convencer os empregadores a tomar providências quanto ao controle da contaminação”, resume o presidente do Sindjorce, Rafael Mesquita.

Há um procedimento no Ministério Público do Trabalho (MPT) apurando a disseminação da Covid-19 no Sistema Jangadeiro de Comunicação. Na audiência de mediação, o jurídico da empresa comprometeu-se a afastar do ambiente de trabalho por 14 dias, sem necessidade de atestado médico, os profissionais que apresentarem os sintomas da doença.

No início da pandemia, o Sindjorce recebeu denúncias sobre a existência de trabalhadores doentes no Grupo O Povo de Comunicação, mas não houve contaminação massiva porque os dois profissionais foram logo afastados para tratamento e a maior parte dos jornalistas passou a exercer suas atividades por meio de teletrabalho. Cabe ressaltar que o Sindicato oficiou todos os empregadores, apontando medidas a serem adotadas pelas empresas para reduzir a contaminação nas redações.

O Sistema Verdes Mares registra, até o momento, quatro casos comprovados de jornalistas com Covid-19. Na empresa do Grupo Edson Queiroz, o problema é o alto número de trabalhadores com suspeita da doença, 11 pessoas, mas que seguem sem testagem, e que voltam ao trabalho após apenas três dias de licença médica. “Isso é um risco para os que permanecem na redação e também para os agrupamentos familiares desses trabalhadores”, destaca Mesquita. O Sindicato oficiou a empresa cobrando solução, ao passo em que notificou as autoridades de saúde do Município de Fortaleza e do Estado.

De acordo com o presidente do Sindicato, os jornalistas de portais, jornais e rádios, em sua maioria, trabalham hoje home office. Restam ainda nas redações jornalistas de TV, chefias e um resquício de alguns profissionais de rádio e de imagem. “Para dar conta desta nova realidade, o sindicato tem se desdobrado em atendimentos, que aumentaram muito. Por dia, registramos cerca de duas a três reclamações sobre adoecimento por Covid-19, falta de testagem e de isolamento”.

FENAJ realiza pesquisa para monitorar nível de contaminação

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) iniciou, na última sexta-feira (15/05), pesquisa com o intuito de monitorar o real quadro de contaminação dos profissionais da categoria pela Covid-19. Além de disponibilizar o questionário diretamente para a categoria, a entidade também o enviou aos Sindicatos de Jornalistas filiados, para que façam a divulgação entre seus filiados.

A orientação do Departamento de Saúde, Previdência e Segurança da Entidade é que os formulários sejam encaminhados às redações para que jornalistas colaborem, respondendo às questões.

Mais de 70 jornalistas mortos na América Latina

O Escritório Regional para a América Latina e o Caribe da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) recebe periodicamente, por meio de suas afiliadas na região, relatórios sobre o estado dos trabalhadores da mídia no contexto da Covid-19. Segundo a entidade, até o último dia 15 de maio, mais de 70 jornalistas morreram da doença na região, com destaque para o Equador, com 55 mortos.

“Como o jornalismo é uma profissão praticada nas ruas e a serviço da comunidade que precisa de informações sobre a pandemia, exigimos que as autoridades de cada país garantam suprimentos de proteção em conformidade com os protocolos de saúde para que todos os trabalhadores”, diz a Federação, em matéria no seu site.

Ao lamentar a lista de falecidos e expressar solidariedade às famílias e colegas, a FIJ informou  que trabalha para treinar protocolos e medidas de prevenção e instou as autoridades a cumprirem os procedimentos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para minimizar os efeitos do coronavírus na população.


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