Projeto pioneiro de extensão universitária do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), o Curso Abdias Nascimento – Comunicação e Igualdade Racial foi encerrado oficialmente em clima de festa e muita emoção, com a certificação dos 40 alunos concludentes e a premiação dos três melhores trabalhos em comunicação para promoção da igualdade racial no Estado. A solenidade de entrega dos certificados aos alunos e dos troféus às equipes vencedoras da premiação aconteceu na sexta-feira, dia 7 de dezembro, no Centro Cultural Belchior, durante o I Encontro de Jornalistas e Comunicadores pela Igualdade Racial.
Entre os dez projetos de conclusão do curso, o portal Ceará Criolo conquistou a primeira colocação, sendo o melhor produto de comunicação para promoção da igualdade racial do Ceará em 2018. O portal de notícias Ceará tem o objetivo de difundir conteúdos informativos e opinativos sobre a população negra cearense e brasileira. Com conteúdo hipermídia, o site conta com diversas editorias, trabalhando com matérias jornalísticas, perfil de personalidades negras, história dos afrodescendentes no Brasil, podcasts, artigos, crônicas, leitura crítica dos meios de comunicação.
Em segundo lugar ficou o site Observatório da mídia contra a intolerância religiosa, iniciativa da equipe composta pelos jornalistas Julyta Albuquerque, Julyana Albuquerque e Alison Marques, que funciona como um espaço de diálogo e difusão de conhecimento sobre religiões de matriz africana e a diversidade étnicorracial. O espaço conta um mapa de terreiros de Candomblé e Umbanda em Fortaleza e fomenta ações de leitura crítica dos meios e de seus conteúdos.
Já a terceira colocação foi conquistada pela intervenção urbana em formato de lambes, da equipe composta por Helton Oliveira, Clóvis Almeida, Lígia Xavier e Wescley Gomes. Eles colheram depoimentos nas redes sociais, selecionam histórias de vítimas de racismo e prepararam artes, que foram impressas em cartazes e colocados em espaços estratégicos da cidade. A experiência foi gravada em vídeo.
O primeiro lugar do Ceará Criolo foi decisão unânime da comissão julgadora, composta pela coordenação do Curso Abdias e por representantes das instituições parceiras. “O CC existe pra gente mostrar que tem preto no Ceará. Pra falar do nosso povo por um viés propositivo, diferente do jeito estigmatizado, violento e embranquecido da mídia tradicional. O CC existe pra mostrar que a gente resiste e está produzindo”, discursou a publicitária Tatiana Lima, integrante do CC, ao receber o troféu.
Além de Tatiana Lima, a equipe vencedora e que compõe o Ceará Criolo é formada pelas publicitárias Jéssica Carneiro e Rayana Vasconcelos e pelos jornalistas Rafael Ayala e Bruno de Castro. “Hoje a gente pode bater no peito e dizer que o Ceará tem um portal de comunicação voltado para a igualdade racial e valorização da cultura afro-brasileira”, disse o secretário-geral do Sindjorce e diretor de Educação da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), jornalista Rafael Mesquita.
Mesquita foi coordenador-geral do Curso Abdias Nascimento, ministrado entre agosto e outubro deste ano e onde o Ceará Criolo foi inteiramente concebido. “Essa maravilha criada por vocês está sendo uma grande vitória. Foi um encontro de almas”, acrescentou o dirigente sindical. Outras três especialistas integraram a comissão julgadora que elegeu os melhores trabalhos para promoção da igualdade racial no Estado. São elas: Geyse Anne da Silva, do coletivo de juventude negra Enegrecer; Kellynia Farias, do Núcleo de Africanidades Brasileiras da Universidade Federal do Ceará (UFC); e Silvia Maria Vieira dos Santos, historiadora e coordenadora pedagógica do Curso Abdias Nascimento.
O I Encontro de Jornalistas e Comunicadores pela Igualdade Racial – Seminário Final do Curso Abdias Nascimento integrou o IX Congresso Estadual dos Jornalistas do Ceará, cuja programação foi até domingo (9/12). A formação foi certificada pelas universidades Estadual do Ceará (UECE) e Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
