Empresa do Grupo Edson Queiroz se nega a conceder a reposição da inflação de 9,88% aos jornalistas
O discurso de crise alardeado pelas empresas jornalísticas no Ceará pode ser facilmente desmentido por elas mesmas. Na edição desta sexta-feira (9/12), o Diário do Nordeste, jornal de maior circulação no Estado, publicou um caderno especial de Imóveis com 44 páginas sendo 31 de anúncios de página inteira.
“O jornal, que alega não poder conceder a reposição da inflação e 9,88% para os jornalistas, saiu com um caderno especial pago com mais anúncios que matérias. Isso é uma afronta à inteligência dos trabalhadores e um total desrespeito a toda a categoria”, afirma a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), Samira de Castro.
Além disso, o Diário do Nordeste lançou, este mês, uma revista dedicada à cadeia produtiva do mercado imobiliário – a Imóvel Design. A publicação aborda desde projetos, passando por construtoras, decoração e design.
Mais investimentos em projetos pagos
Consulta realizada pelo Sindjorce nas três redações de jornais impressos de Fortaleza, durante as plenárias da Campanha Salarial, mostrou que 78,1% dos jornalistas observaram que os jornais ampliaram o número de anúncios, projetos multimídia, cadernos especiais pagos ou outras formas de captar publicidade, seja na versão impressa ou digital.
Por outro lado, 32,4% dos jornalistas consultados afirmaram que está havendo precarização do mercado de trabalho, com redução do número de trabalhadores. E 31,9% disseram que houve maior no acúmulo de funções nas redações.
“Essa é a lógica das empresas de comunicação: cortar empregos, não pagar salários dignos e sobrecarregar de trabalho os poucos profissionais que ficam nas redações”, avalia Samira de Castro. Para ela, a categoria precisa se unir e cobrar dos empregadores mais respeito de valorização.