Jornalistas cearenses aprovam plano de lutas e elegem delegados para Congresso Nacional

Delegação eleita no Congresso Estadual.

Com cerca de 180 participantes, entre jornalistas profissionais, professores, estudantes de jornalismo e representantes de outros grupos profissionais, o I Congresso Estadual Extraordinário dos Jornalistas do Ceará/III Encontro Estadual de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (EEJAI), realizado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce), encerrou-se no último domingo (13/08), com a eleição de delegados para o 3º Congresso Nacional Extraordinário dos Jornalistas/21º Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa e a definição de um Plano de Lutas para os jornalistas cearenses.

Cinco jornalistas foram aclamados como delegados profissionais e vão representar o Ceará na etapa nacional do evento, que acontece de 7 a 9 de dezembro, em Vitória/ES. O Congresso Nacional Extraordinário acontecerá depois de, inspirada na construção feita pelo Sindjorce e diante da necessidade de avaliar o futuro da profissão, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) também convocar um encontro desta natureza. Os delegados cearenses escolhidos são: Washington Feitosa, Polianna Uchoa, Mariana Cunha, Germana McGregor e Nathan Camelo. Como delegado estudante, foi apontado Marden Fraga, da Unifor. E compõem ainda a delegação do Ceará, como observadores, a jornalista Luizete Vicente e os acadêmicos Letícia Alves e Naélio Santos.

Plano de Lutas

O planejamento de ações dos operários da notícia do Ceará conta com mais de 90 propostas, com destaque para a intensificação do processo de luta contra a precarização na categoria e a tomada de medidas para o desenvolvimento de novos espaços de produção do jornalismo, calcadas na perspectiva da democratização da comunicação.

Dividido em seis eixos, o Plano de Lutas construído no Congresso inclui medidas relacionadas à Combate à Precarização das relações de trabalho e organização sindical; Empregabilidade e novas formas de exercício profissional; Igualdade de oportunidades e defesa dos direitos humanos; Segurança para jornalistas; Comunicação contrahegemônica; e Defesa do jornalismo e dos jornalistas.

Entre os encaminhamentos estão a defesa do cumprimento da jornada de 30 horas semanais dos jornalistas; a proposta de criação de uma cooperativa estadual de jornalistas, que seria ancorada em um portal de notícias de cunho progressista; a instituição de ações afirmativas em convenções coletivas de trabalho, de forma a preservar direitos de jornalistas negros(as), mulheres, LGBTs, com deficiência e jovens; a luta pela criação de um Protocolo Estadual de Segurança para Jornalistas; a luta pela criação de uma rede de comunicação popular e alternativa, com o campo progressista, sindical, social e comunitário do Estado; e a instituição de campanha de valorização profissional, defendendo o jornalismo e a profissão de jornalista.

“Mais do que nunca, é necessária a luta unificada dos jornalistas de todos os tipos de mídia, seja comercial, sindical, governamental e outros. É preciso refletirmos juntos sobre o papel do jornalismo e da organização dos jornalistas. Somente a organização dos trabalhadores e a resistência dos jornalistas podem apontar alguma perspectiva de mudança. Eu acredito nisso. A nossa batalha ganhou com este evento um novo combustível. Estamos prontos para as lutas e seguiremos, como disse  Che Guevara, ‘derrota após derrota até a vitória final’”, destaca Samira de Castro, presidenta do Sindjorce.

O encontro deliberou ainda que as propostas encaminhadas no Plano de Lutas dos Jornalistas do Ceará serão apresentadas ao 3º Congresso Nacional Extraordinário / 21º Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (ENJAI) em forma de emendas às teses nacionais e serão encaminhadas à instância nacional tão logo a Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas e comissão organizadora do Congresso encaminhem o template das teses.

No Congresso, também foram aprovadas Moções, com destaque para a que repudia a intransigência patronal nas Campanha Salariais de Jornais/Revistas e Rádio/TV, onde as empresas de comunicação tentam impor aos jornalistas um achatamento salarial, com propostas abaixo da inflação.

Para o secretário-geral do sindicato, Rafael Mesquita, a hora é de levantar a voz: “Estamos passando por um momento crítico no jornalismo e nos demais setores da vida pública, por isso, mais do que nunca, chamamos a categoria a se organizar e construir coletivamente ações de luta e resistência. E este Congresso foi prova de que isso é perfeitamente possível. Foi um encontro perfeito entre organização, convidados e participantes. Uma verdadeira simbiose. Foi a construção de um sentimento comum. Um marco na história de combatividade e representatividade dos jornalistas do Ceará”, enfatiza.

Depoimentos

A grandeza do evento contagiou os profissionais e estudantes que marcaram presença no evento. Confira alguns depoimentos que extraímos das redes sociais do sindicato:

“Sindjorce, ainda estou contemplado com a maravilha que foi este congresso. Obrigado por proporcionar aos jornalistas do Ceará um encontro tão virtuoso. Foram 3 dias de reflexões, amadurecimento profissional, trocas de experiências e estímulos para transpor os muros que insistem em se erguer no caminho. Não tenho dúvidas que “a comunicação foi e sempre será palcos de lutas”, disse Wescley Gomes, jornalista.

“Antes de tudo, parabéns pelo oportunidade do Congresso. Vocês conseguiram realizar um momento de reflexão de grande importância”, refletiu Miguel Macedo, jornalista e professor da UNI7.

“Parabenizo a presidenta Samira de Castro, Rafael e todas e todos que trabalharam para realizar o I Congresso Estadual Extraordinário dos Jornalistas do Ceará e III Encontro Estadual de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (EEJAI). Foi sensacional, hiper organizado”, comemorou Daniel Pearl Bezerra, do Jornalistas Livres/Mídia Livre.

“O Sindicato dos Jornalistas do Ceará teve a iniciativa de promover um congresso extraordinário neste fim de semana, para discutir as mudanças no mundo do trabalho, a ética e a destruição de direitos promovida pelo golpe.  Situações extraordinárias pedem ações extraordinárias: este foi o sentido da coisa. E foi muito bom. Ver o auditório do Centro Cultural Belchior lotado numa sexta à noite e num fim de semana, saber que 200 pessoas compareceram, que profissionais e estudantes se empenharam nos debates, foi alentador. Fiquei muito feliz de ter participado”, disse Sylvia Moretzsohn, professora da UFF, que foi palestrante no evento.

“Gostaria de parabenizar pelo ótimo Congresso. Todos os painéis foram bastante ricos e proveitosos”, comentou Tarcísio Aquino, jornalista.

“A atividade, realizada no Centro Cultural Belchior em Fortaleza, proporcionou um fértil espaço de discussão e compreensão do jornalismo atual. Os novos meios de exercício da profissão foram pauta, assim como o papel social dos jornalistas diante do cenário político brasileiro. Figuras de luta e que encabeçam a comunicação contra-hegemônica da grande mídia fomentaram os debates”, avaliou Naélio Santos, estudante de jornalismo.

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