Movimentos sociais aguardam atendimento de demandas apresentadas ao Governo do CE

Movimentos sociais e entidades que integram o Fórum Ceará pela Vida aguardam o atendimento das demandas apresentadas ao governador Camilo Santana, por ocasião da entrega da Carta dos movimentos e organizações populares do campo e da cidade contra o coronavírus no Ceará. Entre os pleitos, além de uma política pública que preserve a vida da classe trabalhadora, dos povos tradicionais, dos vulneráveis e das populações do campo, das florestas e das águas, estão ações práticas como a doação de pouco mais de 16 mil cestas básicas, de 87,5 mil máscaras e de 16 mil kits de higiene para famílias cadastradas nos territórios e periferias da Capital e do interior.

Em reunião virtual realizada no dia 11 de maio, o chefe do Executivo cearense encaminhou as solicitações às secretarias responsáveis e atendeu, de imediato, o pleito de incluir duas representações populares no Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus no Ceará, até então composto apenas por órgãos estaduais, municipais e federais e entidades patronais, como Fiec, Fecomércio, Acert e CDL. Assim, os movimentos populares estão representados no colegiado por uma integrante do MST e um do MTST, representando respectivamente as entidades do campo e as da cidade.

Em pouco mais de um mês, os integrantes do Fórum Ceará pela Vida constituíram grupos de trabalho temáticos e já se reuniram com representantes das Secretarias do Desenvolvimento Agrário (SDA), da Proteção Social (SPS) , da Educação (Seduc) e da Ciência e Tecnologia e Educação Superior (Secitece). Com estas pastas, foram tratadas demandas específicas da carta entregue ao governador, que continha 24 pontos – desde o pedido de lockdown até aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs) para catadoras e catadores de materiais recicláveis que atuam de forma individual.

No dia 2 de junho, os representantes do Fórum tiveram uma reunião com o então secretário-chefe da Casa Civil, Élcio Batista, na qual os pleitos foram reforçados e o coletivo externou, em nova carta, posicionamento contrário à retomada das atividades  econômicas no Estado. “Nossa maior preocupação foi com o vírus chegando com muita força no interior e algumas ações não estão chegando na ponta, no nosso povo”, disse Gene Santos, integrante do MST Ceará.

Na ocasião, Élcio Batista informou que o Estado iria receber 10 milhões de máscaras, sendo possível, portanto, atender à demanda de 87 mil delas solicitadas pelo Fórum Ceará pela Vida. “Estamos preocupados com o tempo que está passando e o nosso povo tem fome”, resume Santos, referindo-se ao recebimento das cestas básicas que, inicialmente, seria possível via SDA, mas que foi descartado recentemente. “Esperamos que o governo resolva a burocracia o mais rápido possível”, reforça o integrante do MST Ceará.

Sobre as máscaras, após três reuniões com a SPS, foi garantida a doação da quantidade solicitada pelo Fórum, uma vez que o Estado vai receber um milhão de máscaras por meio de parceria com um banco privado. A entrega desse material, tanto em Fortaleza quanto no interior, deve ocorrer ao longo da semana que vem, segundo informação da secretária-executiva de Justiça e Proteção Social, Lia Ferreira Gomes.

Ampliação dos testes de Covid-19

Há ainda demandas específicas as áreas da cultura e da saúde, mas as reuniões com as respectivas secretarias responsáveis – Secult e SESA – ainda não foram realizadas. “No caso da Saúde, consideramos prioritário a testagem para Covid-19 das categorias de trabalhadores que não pararam de exercer suas funções nessa pandemia e que registram muitos adoecimentos, destacando os profissionais da saúde, da segurança, da limpeza e da cozinha das unidades de saúde, trabalhadores de supermercados, de transportes de alimentos, jornalistas e profissionais da mídia”, comenta Samira de Castro, diretora do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce).

No caso dos jornalistas, já são mais de 22 contaminados (com confirmação) e duas mortes em decorrência do novo Coronavírus. “Mas há pelo menos o dobro ou o triplo de profissionais da mídia que apresentaram sintomas e não foram testados”, explica Castro. O agravante, segundo ela, é que as empresas jornalísticas têm mandado os trabalhadores retornarem sem confirmação da doença e sem cumprir pelo menos 14 dias de quarentena, embora o Sindicato tenha oficiado todas as redações sobre medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Sindjorce integra o Fórum Ceará pela Vida desde a sua criação, atuando coletivamente na construção dos debates sobre os impactos do novo Coronavírus na classe trabalhadora. “Reconhecemos a importância das ações desenvolvidas pelo Governo do Estado no combate à pandemia, sobretudo num cenário em que o Governo Federal tem atuado no sentido contrário à garantia da vida. Mas creditamos que as ações podem ter melhor resultado se pactuadas com os movimentos e organizações do campo popular que atuam diretamente nos territórios e comunidades”, reforça a dirigente, que é segunda vice-presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ).


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