Presidente da FENAJ denuncia violências e restrições à atividade jornalística

Conselho de Comunicação Social (CCS) realiza reunião com 6 itens. Entre eles, relatório sobre o PL 4.336/2016, que trata do direito de resposta ou retificação em defesa de grupos sociais. Representante da categoria profissional dos Jornalistas, Maria José Braga em pronunciamento. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Maria José Braga, apresentou nesta segunda-feira (1º/07) ao Conselho de Comunicação Social (CCS) um relatório tratando de situações que, segundo a entidade, caracterizam ataques e restrições ao exercício da atividade jornalística. O relatório ateve-se aos últimos 15 dias, uma vez que o CCS havia se reunido anteriormente no dia 17 de junho, ocasião em que Braga apresentou o relatório do mês anterior.

Braga iniciou seu informe reclamando das restrições que foram impostas a profissionais dos grupos Rede Gazeta e TV Tribuna em Vitória (ES), neste domingo (30) durante manifestações a favor do governo de Jair Bolsonaro e do ministro da Justiça, Sergio Moro. Segundo relato da presidente da FENAJ, jornalistas, produtores e equipe técnica da TV Tribuna foram hostilizados enquanto cobriam o evento de um trio elétrico. Após ataques de parte da organização do evento e de manifestantes, acabaram sendo expulsos do carro de som.

“Os jornalistas foram intimidados e agredidos. Após muita hostilidade, inclusive partindo da própria organização em microfone para os manifestantes, acabaram sendo expulsos do trio elétrico e impedidos de trabalhar. O líder ao microfone dizia que os jornalistas da TV Tribuna, do jornal A Tribuna e da Gazeta não serviam para noticiar. Foi um ataque generalizado a estes veículos”, lamentou Braga.

Maria José Braga acrescentou que a entidade vem apurando outros casos de ataques e intimidações ocorridos no domingo, durante as manifestações, em outras cidades do país, que deverão constar no relatório de agosto.

A presidente da Fenaj também denunciou a retaliação sofrida pelo jornalista Vitor Vogas, colunista do jornal A Gazeta. “Também no Espírito Santo, no dia 26 de junho, o jornalista Vitor Vogas foi atacado pelo senador Marcos Do Val (PPS). O senador usou as redes sociais para questionar a atuação do jornalista, colocar em xeque sua lisura profissional e também convocou a população a se manifestar contra a imprensa. Por que? O jornalista fez uma reportagem sobre nomeações realizadas pelo senador, caracterizando nepotismo cruzado. Então a insatisfação gera a violência”, disse.

Caso no Ceará

Braga também reclamou do fato de jornalistas terem sido impedidos de cobrir, no dia 24 de junho, a entrega da comenda Cidadã Fortalezense à ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, quando ela, na ocasião, representou a primeira-dama Michelle Bolsonaro. O evento ocorreu no Colégio Militar, e os jornalistas só puderam cobrir o evento quando começou uma oração religiosa, que marcava justamente o final do evento.

Federalização dos crimes

A presidente da FENAJ apresentou, ainda, seu relatório ao PL 191/2015, que propõe a federalização da apuração de crimes contra a atividade jornalística, que seria feita pela Polícia Federal. Ela reclamou que a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados tenha rejeitado o projeto, que agora é analisado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da mesma Casa. Disse que o Brasil é marcado por muitos casos de assassinatos de jornalistas diretamente ligados ao exercício da profissão, e que a apuração e eventual punição dos culpados é comumente atrapalhada por poderosos interesses locais.

— Só no ano passado, cinco jornalistas foram assassinados. Apenas dois tiveram o inquérito policial resolvido, com o apontamento dos culpados. Mas nenhum ainda foi a julgamento. O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) também apontou recentemente que nos últimos 20 anos, 64 comunicadores sociais foram assassinados em consequência do exercício da atividade. Deste total, somente a metade dos casos teve os responsáveis identificados e denunciados pelo Ministério Público à Justiça, mas isso não significa que foram julgados e punidos — criticou Braga.

A análise do CCS ao PL 191/2015 deve ser realizada na próxima reunião do Conselho, em agosto.

Com informações da Agência Senado e do Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado


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