Jornalismo precisa refletir a diversidade e garantir direitos para mulheres, negros/as, LGBTs e jovens

A necessidade de uma produção jornalística plural e albergada nos direitos humanos, além de ampliar a discussão sobre os segmentos de jovens, mulheres, negros e negras e LGBTs no mercado de trabalho da comunicação foram as principais conclusões da roda de conversa “Jornalismo no plural: igualdade de oportunidades para jovens, mulheres, negros e negras e LGBTs”.

A atividade, realizada no auditório do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), no dia 1º de julho de 2017, foi preparatória para o I Congresso Extraordinários dos Jornalistas do Ceará e contou com transmissão ao vivo nas páginas Mídia Livre e do sindicato no Facebook.

Os convidados para o encontro foram Amanda Nogueira, mestra em Comunicação e assessora de imprensa do Conselho Regional de Serviço Social 3ª Região/CE, que trouxe as discussões pertinentes à juventude; Émerson Maranhão, editor da coluna Cena G e de Conteúdo do Núcleo de Audiovisual do Grupo O Povo, que falou sobre a temática LGBT; Luizete Vicente, mestranda em Comunicação e assessora de imprensa da deputada Rachel Marques, que abordou as demandas dos/as jornalistas negros/as; e Samira de Castro, repórter do Diário do Nordeste, presidente do Sindjorce e segunda tesoureira da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), que, por sua vez, falou sobre a Comissão de Mulheres da Federação, lançada em março deste ano, por ocasião do Dia Internacional da Mulher.

Coordenada pelo secretário-geral do Sindjorce, Rafael Mesquita, a roda de conversa foi também o pontapé para a organização das Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial, Mulheres, LGBTs e Jovens, que devem ser lançadas no Congresso Extraordinário dos Jornalistas. Rafael avaliou que jornalistas LGBTs, negros e negras, mulheres e jovens convivem diariamente com assédio e discriminação no mercado de trabalho, não raro presenciando piadas e comentários desrespeitosos – uma situação que não difere dos demais espaços sociais. “Não podemos ter um posicionamento tolerante ou passivo diante do preconceito e da ignorância. É nosso papel, na atividade profissional e na vida, lutar para superação destas desigualdades seculares, uma tarefa do jornalismo, uma tarefa dos jornalistas. Combater as opressões é um dos desígnios da nossa atividade laboral”, disse.

Conforme Amanda Nogueira, é preciso realizar a discussão sobre como o jovem está inserido na pauta dos meios de comunicação, como está representado na grande mídia e que alternativas tem para construir seus próprios meios de comunicação. Também é necessário, neste contexto, combater os postos de trabalho precários impostos à juventude, como a substituição de profissionais por estagiários, que fazem jornada extensiva de trabalho.

Émerson Maranhão tratou sobre a construção da Coluna Cena G, que assina há 12 anos no jornal O Povo. Ele fez a avaliação sobre a pauta da diversidade sexual na mídia, a partir desta experiência pioneira. Como ponto positivo, o avanço da temática LGBT, mas com um longo caminho ainda a ser traçado, o que justificaria a permanência do espaço no periódico, por exemplo. “A existência da coluna acaba transbordando para o resto da redação, o que leva um respeito muito grande a esta pauta no resto do jornal”, destaca o jornalista. “Eu espero que a gente consiga levar a dignidade do tratamento do tema para todas as redações, porque apesar de estarmos em todas as redações, nós não somos plenamente respeitados”, disse.

A jornalista Luizete Vicente, por sua vez, lembrou da própria experiência, enquanto jovem e negra, até chegar à universidade, destacando o papel de políticas de ensino superior como o Prouni, o Fies e a ampliação das vagas e cotas em universidades federais. Também destacou o esforço militante do jornalismo negro, das pesquisas desenvolvidas em parceria com instituições de ensino para avaliar a cobertura sobre a população negra, as invisibilidades impostas ao grupo, sobretudo a presença dos profissionais negros no mercado de trabalho. “Há muito a lutar pelo desenvolvimento de uma mídia cada vez mais diversa e que consiga valorizar a história e cultura afrobrasileira, descontraindo o largo caminho percorrido pelo racismo institucional em nosso país”, destaca.

Por fim, Samira de Castro falou sobre a organização das jornalistas mulheres e do avanço do combate ao machismo e à violência contra a mulher na mídia e na sociedade. Lembrou de experiências como o curso “Gênero, Raça e Etnia”, realizado pela FENAJ e sindicato em parceria com a ONU Mulheres, em 2011. “É nosso papel romper essa postura, através do debate, da capacitação dos profissionais e da própria organização sindical”, completa. Destacou números da pesquisa Perfil do Jornalismo Brasileiro: “as mulheres já representam 63,7% dos jornalistas brasileiros e essa ‘feminização’ é uma tendência identificada”.


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