Rádio e TV: Patrões mantêm proposta rebaixada de reajuste de 3,5%

Na última quinta-feira, 19 de maio, foi realizada a terceira mesa de negociação da Campanha Salarial 2022 dos Jornalistas de Rádio e TV do Ceará, sendo a segunda mediada pela Superintendência Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE). No encontro, o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Ceará (Sindatel) manteve a proposta de apenas 3,5% de reajuste salarial, quando a inflação da data-base foi de 10,16%. Inflação que continua subindo e aumentando as perdas acumuladas desde 2019.

O reajuste proposto prossegue sem data de aplicação, o que torna a “oferta” ainda mais frouxa, haja vista que, mesmo após serem perguntados por mais de seis vezes, os dirigentes do Sindatel não confirmaram o mês em que o aumento apresentado seria incorporado aos salários dos trabalhadores. Mais uma vez, os representantes laborais defenderam que, seja qual for o percentual, este deve ser aplicado em janeiro, data-base da Convenção Coletiva de Trabalho do setor.

Para “compensar” o baixo índice e a ausência de uma data para a elevação salarial, os donos das emissoras oferecem abono salarial de R$ 800,00 (oitocentos reais) para trabalhadores na região metropolitana e de R$ 550,00 (quinhentos e cinquenta reais) para o interior do estado.

“Desrespeito” e “descaso” foram as palavras usadas pela direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) para avaliar o posicionamento das empresas de Rádio e Televisão, que não apreciaram as contrapropostas oferecidas e as sugestões de mediação. “A manutenção completa da proposição rebaixada mostra a intransigência de um setor que não respeita os princípios mais básicos de uma negociação”, avalia o presidente do Sindjorce, Rafael Mesquita.

Durante as últimas conversas, o sindicato profissional propôs que fossem avaliados outros cenários, que pudessem prever, até, o parcelamento do percentual de 10,16%. Entre as ideias colocadas em mesa, um escalonamento, onde a primeira parcela do reajuste, de 5,08%, poderia ser aplicada em abril, sem efeito retroativo, e a outra em, também de 5,08%, em agosto, sem retroativo. A flexibilidade e a capacidade de diálogo dos trabalhadores, no entanto, foi desprezada. “Negociação prevê que os lados sentem à mesa com disposição de um consenso, que tenham capacidade de ceder, de avaliar todas as perspectivas de aplicar um senso de justiça”, defendeu Germana McGregor, diretora de administração e finanças do Sindjorce.

As empresas, continua a dizer Carmen Lúcia Dummar Azulai, sócia-diretora da rádio Tempo FM e presidente do Sindatel, estariam num momento difícil e precisam manter se manter funcionando. O problema, é que sacrifício maior tem sido no “lombo” dos jornalistas. Em 2020 e 2021, com a MP 936, os profissionais do segmento tiveram seus salários reduzidos. Embora a MP também previsse a redução de jornada, o fato é que o home office aumentou não só a carga diária de trabalho como também as despesas com pacotes de internet e energia. As perdas salariais acumuladas desde então não foram repostas e num cenário de carestia em alta só vêm aumentando. A intransigência das empresas, que enrolam desde a entrega da pauta de reivindicações em novembro de 2021, foi a gota d’água.

Diante do impasse, o mediador da SRTE, Wellington Silva, propôs remarcar a mediação e que as partes se reúnam externamente para que possam avançar com a convenção coletiva.

A diretoria do Sindjorce, por sua, se reunirá extraordinariamente para planejar ações específicas de pressão e irá convocar os trabalhadores para as atividades. “Juntas e juntos, conseguiremos enfrentar a intransigência patronal e lutar por salários, direitos e dignidade. Jornalistas salvam vidas, defendem a democracia, fazem a diferença e estão em luta!”, finaliza Rafael Mesquita.


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