Sindjorce e FENAJ repudiam demissões e práticas antissindicais no Grupo O Povo

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vêm a público repudiar a postura do Grupo O Povo de Comunicação, que causou mais um processo de demissão de trabalhadores. Nas duas últimas semanas, quatro jornalistas foram dispensados sem justa causa – alguns premiados nacional e internacionalmente -, em plena Campanha Salarial de Mídia Impressa, numa atitude que revela o total desrespeito da empresa jornalística ao processo negocial em curso na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Ceará (SRTE/CE).

Não bastasse os donos do jornal O Povo sustentarem a vergonhosa proposta de reajuste salarial de 1% e a tentativa de retirar direitos históricos da categoria, a direção ainda assedia e busca silenciar os funcionários que não se conformam com a política de desmonte do Jornalismo e desvalorização dos seus profissionais. Causou revolta na base a atitude da direção de ameaçar profissionais que participassem de manifestações da Campanha Salarial e, agora, retaliar a classe com dispensa coletiva.

O Sindjorce, em seu papel de defesa inegociável dos trabalhadores, denunciou publicamente a violação às liberdades de organização e manifestação, sem nominar responsáveis. Em resposta, a direção do jornal emitiu um comunicado assinado, com inverdades contra a entidade sindical, no qual ainda detalhava o processo de assédio moral e prática antissindical recentemente cometido contra os que se mobilizaram em busca de melhores salários e manutenção de direitos.

Na lista de arbitrariedades da empresa estão o corte no desconto das mensalidades sindicais em folha de pagamento e a perseguição a dirigentes sindicais que atuam no legítimo direito – e inclusive no dever – de falar em defesa da categoria. Revolta, mas não surpreende, o fato de a direção colocar seguranças para não deixar os representantes sindicais terem contato com a base. Práticas que contrariam o discurso de democrático do jornal fundado pelo jornalista Demócrito Rocha.

O grupo, que vem promovendo demissões nas redações do impresso e da Rádio O Povo CBN, desmontou o setor de transporte, demitindo motoristas. A medida coloca as equipes de Jornalismo em situação de extrema vulnerabilidade, ao ter que se deslocarem por carros particulares de aplicativos de transporte. Deliberação que certamente vai impactar na qualidade do produto final oferecido aos leitores e ouvintes.

Em meio a uma das mais agudas crises de credibilidade da imprensa, é lamentável que um dos mais antigos e tradicionais grupos de comunicação do Estado evidencie tanto desprezo pelo trabalho dos jornalistas, o qual deveria ser valorizado frente a avalanche de desinformação que assola o país.

O jornalismo de qualidade, com apuro técnico e relevância social, é construído a partir da valorização dos jornalistas como categoria profissional. Os operários da notícia precisam de máximas condições de trabalho para exercerem o seu mister. Afinal, são os jornalistas os responsáveis pela efetiva produção jornalística, a atividade fim das empresas de mídia do Grupo O Povo.

Na atual conjuntura social, política e econômica, o direito democrático da sociedade à informação, à liberdade de imprensa e de expressão passam necessariamente por respeito e valorização do trabalho dos jornalistas. Assim, Sindjorce e FENAJ, como entidades representativas da categoria, exortam publicamente a sociedade a conhecer e denunciar as práticas autoritárias e repugnantes do Grupo O Povo, que são nocivas ao direito à Comunicação. Fica, ainda, a mensagem de que os patrões jamais calarão a nossa voz.

1 COMENTÁRIO

  1. Sabe de nada, inocente! São dezenas de profissionais demitidos e alguns estagiários contratados pra suprir a demanda de 3 jornalistas! Fora as horas extras disfarçadas na forma de comitê de inovações, onde além da carga horária normal, se tem funções extras não remuneraras com prazos e cobranças absurdas! Tudo pra pessoa ser descartada meses depois! Fora milhares de outros detalhes, da água ao salário!

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