O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) manifestar-se veementemente contra a postura equivocada do Deputado Estadual Delegado Cavalcante ao disseminar em larga escala conteúdos inverídicos e duvidosos relacionados ao mais recente episódio de agressão às equipes de comunicação e à liberdade de imprensa, ocorrido no dia 3 de maio do corrente ano, em frente ao Palácio do Planto, quando manifestantes pró-Bolsonaro protestavam contra as instituições democráticas e a política de isolamento social para conter o avanço do Coronavírus no Brasil.
Na ocasião, pelo menos dois colegas repórteres e dois repórteres fotográficos foram covardemente agredidos por seguidores do presidente da República, cujas ofensas cotidianas à imprensa estimulam o ódio e os ataques a profissionais que atuam no ramo. Os profissionais que foram alvos da violência gratuita pertencem aos quadros dos veículos Folha de São Paulo, Poder 360, Estadão e Os Divergentes. Os relatos veiculados pela mídia e narrados pelas vitimas dão conta de que as agressões incluíram socos, empurrões e pontapés, em um ato de extremo desrespeito e violência contra a dignidade dos trabalhadores em questão.
Por sua vez, o deputado cearense ocupa-se, de maneira irresponsável e leviana, em propagar conteúdos, via internet pelas redes sociais, que atentam contra os fatos acima narrados e põem em cheque a credibilidade do que foi declarado pelas vítimas. O primeiro material veiculado pelo deputado é oriundo de uma página chamada “Canal Paródia Gospel”, que, inadvertidamente, edita uma matéria sem critério algum de noticiabilidade e caluniosamente desconstrói o ocorrido numa narrativa amadora com recortes de notícias de jornais e com uma reportagem veiculada no Fantástico, com um enfoque totalmente tendencioso de modo a minimizar as agressões e desconstruir o discurso das vítimas, o que caracteriza-se como um ato de vilipêndio e propagação criminosa de mentiras (Fake News).
O segundo conteúdo disparado pelo deputado trata-se de uma postagem extraída da “Página Desesquerdizador”, que consiste em construir uma contranarrativa com um texto chulo/ pobre, desqualificando o perfil do jornalista do Jornal Estado de São Paulo citando possíveis links de matérias que constam o envolvimento do profissional, acusando-o de bancar encenações para “denegrir” (sinônimo/ palavra politicamente incorreta utilizada para ilustrar falas que remetem a difamar e enegrecer) manifestações pró-Bolsonaro, como se isso fosse algo difícil de fazer.
Neste sentido, reforçamos a necessidade de diálogo do Governo com as entidades da sociedade civil organizada sobre a regulamentação do Projeto de Lei n.° 72/20 que estabelece multa para quem divulgar por meio eletrônico noticias falsas/“fake news” informações sobre epidemias, endemias e pandemias no Estado do Ceará. É irônico que a Assembleia Legislativa aprove a matéria, ao mesmo tempo em que tenha em seus quadros parlamentares conhecidos por disseminarem massivamente conteúdos falsos e mentirosos.