Sindjorce repudia postura LGBTfóbica de apresentador da TV Verde Vale com vereadora

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce), por meio do Núcleo LGBTI+ dos Jornalistas do Ceará e da Secção Regional do Sindjorce no Cariri, vem a público repudiar veementemente a postura LGBTfóbica do apresentador Cícero Lúcio, da TV Verde Vale, ao comparar a vereadora Auricélia Bezerra, num tom jocoso de deboche, com a figura caricaturada de “Maria João” – tratamento popular pejorativo, claramente adotado pelo apresentador, numa postagem de WhatsApp, para atacar, diminuir e desqualificar a parlamentar, possivelmente por sua condição homoafetiva.

Recebemos com indignação o relato deste episódio protagonizado pelo comunicador, que se configura como violação de direitos humanos contra a população LGBTI+, com repercussão em larga escala pela internet via redes sociais.

A postura do senhor Cícero Lúcio choca e fere quem defende uma sociedade plural, democrática, civilizada, harmônica e livre de qualquer tipo de preconceito. O Sindjorce manifesta publicamente sua solidariedade à vereadora Auricélia pela exposição e constrangimento públicos desnecessários perante a sociedade cearense.

A vereadora Auricélia Bezerra tem prestado um relevante serviço à população juazeirense, ao colocar na pauta do legislativo municipal projetos que promovem a cidadania e dão visibilidade às camadas sociais historicamente esquecidas pelos poderes constituídos. Citamos como exemplo o 1° Centro de Referência LGBT do interior do Ceará, em Juazeiro do Norte, e o Projeto de Lei nº 5.067, criando o “Agosto Lilás”, como mês de combate à violência contra a mulher. A proposta é que o mês seja dedicado a ações que visem alertar e combater a violência doméstica e familiar contra as mulheres.

O Brasil é um país mergulhado em violências e numa profunda desigualdade social e de gênero e atos insensatos, como o do apresentador da TV Verde Vale, não poderiam deixar de ser mencionados, tendo em vista incorrermos mais uma vez no erro histórico da tolerância com o fascismo.

Tradicionalmente, comunicadores e veículos de imprensa se beneficiam do destaque à violência numa tônica propagada desde a internet, os jornais e programas sensacionalistas até os telejornais considerados da “família de bem”. Esses conteúdos infelizmente têm instigado parte da sociedade a afrontar e atacar os direitos humanos e a aumentar a discriminação de qualquer ordem.

A postura dos meios de comunicação tem sido de hipocrisia e não de comprometimento com a luta contra a LGBTfobia, mas em muitos casos estimulam, irresponsavelmente, o preconceito, criando estereótipos para caracterizar a população LGBTI+.

Diante disso, o Sindjorce, instituição que prima por ser um espaço democrático permanente, plural, aberto e diversificado que visa debater temas e questões transversais de interesse da sociedade cearense, reafirma o seu compromisso em debater políticas públicas de democratização dos meios de comunicação e a criação de observatórios que auxiliem na elaboração de conteúdos e numa programação que prime pela diversidade e representação de todas as manifestações e expressões da sociedade civil brasileira.

O Núcleo LGBTI+ dos Jornalistas do Ceará coloca-se à disposição para acompanhar o desenrolar deste caso e exige um posicionamento público da direção da emissora na qual o apresentador trabalha. Do contrário, entenderemos que o veículo não só concorda como admite em seus quadros figuras desalinhadas com a democracia e a liberdade de expressão. Não podemos em hipótese alguma legitimar esse discurso de violência e desrespeito para com a população LGBTI+.


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