“O jornalismo que vem sendo feito no nosso país não é o que queremos, não é o que precisamos e, em algumas vezes, sequer pode ser chamado de jornalismo“. As palavras da presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce), Samira de Castro, ressaltaram a emergência e importância do debate sobre como o jornalismo afeta e está sendo afetado pela atual conjuntura política brasileira, na abertura do I Congresso Estadual Extraordinário dos Jornalistas no Ceará e III Encontro Estadual de Jornalistas em Assessoria de Imprensa, que começou na sexta-feira (11/08), e se encerrou no domingo (13/08), no Espaço Cultural Belchior, na Praia de Iracema.
Celebrada por sua diversidade, a mesa de abertura do Congresso contou com a participação de representantes de partidos políticos progressistas, movimentos sociais, sindicatos e federações de trabalhadores. Participaram integrantes CUT Ceará, da Frente Brasil Popular Ceará, da Frente Povo Sem Medo, do MST, do MAB, da UNE, da Juventude Kizomba, da Fetamce, da Confetam, do Levante Popular da Juventude, entre outros.
Dividida em dois momentos, a cerimônia de abertura do Congresso contou com a fala introdutória do Secretário da Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Ceará, Inácio Arruda (PcdoB), representando o governador do Estado, Camilo Santana. O secretário fez uma rápida recapitulação da mudanças políticas dos últimos dois anos e enfatizou que o processo de impeachment sofrido por Dilma Roussef foi, sem receios, golpe. Inácio ressaltou a importância da imprensa e do jornalismo em períodos de crise como o que o Brasil está passando atualmente e denunciou o sucateamento intencional da profissão por meio de medidas como a não obrigatoriedade do diploma, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2009.
Samira de Castro encerrou o ato de abertura destacando que é fundamental “reafirmarmos a importância e a relevância do jornalista e do jornalismo como pilar essencial para a democracia”. A presidente denunciou o papel decisivo dos conglomerados midiáticos na construção da narrativa que culminou no impeachment de Dilma. Lamentou a decisão das empresas pelo partidarismo e a degradação do serviço jornalístico. O público reagiu com gritos de “Fora Temer” e “Diretas Já”.
A conferência “O jornalista e as mudanças no jornalismo e no mundo do trabalho”, com a jornalista e professora Fabiana Moraes, foi o tema destaque do primeiro dia. A temática foi também o principal objetivo do encontro que contou com 180 profissionais e estudantes inscritos. Vencedora de três prêmios Esso, Fabiana refletiu sobre o olhar do jornalista e como a narrativa de jornais pode e deve fugir de obviedades. Usando como exemplo quatro reportagens assinadas por ela, a jornalista contou os bastidores de cada uma, dando dicas de como tornar uma história importante, relevante e representativa. Encerrando sua participação, Fabiana questionou a diferença salarial entre jornalistas homens e mulheres em um país onde a profissão é de maioria feminina.
Com informações de Léo Costa (Aluno do 4º semestre de Jornalismo na Uni7)
Fotos: Daniel Pearl e Dênis Nacif
Sindjorce, ainda estou contemplado com a maravilha que foi este congresso. Obrigado por proporcionar aos jornalistas do Ceará um encontro tão virtuoso. Foram 3 dias de reflexões, amadurecimento profissional, trocas de experiências e estímulos para transpor os muros que insistem em se erguer no caminho. Não tenho dúvidas que “a comunicação foi e sempre será palcos de lutas”.
#ForaTemer
#DiretasJá
O Sindjorce deu o grito de independência no I Congresso Estadual Extraordinário dos Jornalistas no Ceará, enfrentando com coragem o poder midiático da burguesia.