“Curso Abdias Nascimento – Comunicação e Igualdade Racial” forma primeira turma

A noite de abertura do IX Congresso Estadual dos Jornalistas do Ceará, realizada no dia 07 de dezembro de 2018, também foi marcada pela realização do I Encontro de Jornalistas e Comunicadores pela Igualdade Racial, o Seminário Final das formações do Curso Abdias Nascimento – Comunicação e Igualdade Racial.
 
Na oportunidade, foram certificados os 40 participantes do curso de extensão, iniciativa pioneira do Sindicato dos Jornalistas do Ceará, que aconteceu de agosto a dezembro de 2018. Além de receber os certificados, também foram premiados os três melhores projetos de conclusão de curso, entre os 10 trabalhos realizados pelas equipes formadas no projeto.
 
Premiados
 
Ceará Criolo
 
O portal de notícias que tem o objetivo de difundir conteúdos informativos e opinativos sobre a população negra, Ceará Criolo conquistou a primeira colocação. O site foi construído pelas publicitárias Tatiana Lima, Jéssica Carneiro e Rayana Vasconcelos e pelos jornalistas Rafael Ayala e Bruno de Castro.
 
Com conteúdo hipermídia, o site conta com diversas editorias, trabalhando com matérias jornalísticas, perfil de personalidades negras, história dos afrodescendentes no Brasil, podcasts, artigos, crônicas, leitura crítica dos meios de comunicação.
 
“O nosso trabalho nasceu só para ser um projeto de conclusão de curso, mas quando a gente foi afinando as ideias e construindo o nosso trabalho, a gente percebeu que o Ceará Criolo, que nasceu durante o Curso Abdias Nascimento, não iria parar por ali. E aí o site ganhou vida, saiu mundo afora. Com ele, a gente quer proporcionar não só a visibilidade, mas mostrar um novo olhar e uma nova abordagem sobre a população negra”, falou Jéssica Carneiro sobre a experiência com a produção portal.
 
 
Observatório da mídia
 
Em segundo lugar ficou o site Observatório da mídia contra a intolerância religiosa, iniciativa da equipe composta pelos jornalistas Julyta Albuquerque, Julyana Albuquerque e Alison Marques, que funciona como um espaço de diálogo e difusão de conhecimento sobre religiões de matriz africana e a diversidade etnicorracial.
 
Trata-se de um site, com desdobramento nas redes sociais Instagram e Facebook, que conta com um mapa de terreiros de Candomblé e Umbanda em Fortaleza e fomenta ações de leitura crítica dos meios e de seus conteúdos, tendo em vista combater o preconceito racial e a intolerância religiosa.
 
 
Lambes
 
Já a terceira colocação foi conquistada pela intervenção urbana em formato de lambes, da equipe composta por Helton Oliveira, Clóvis Almeida, Lígia Xavier e Wescley Gomes. Eles colheram depoimentos nas redes sociais, selecionam histórias de vítimas de racismo e prepararam artes, que foram impressas em cartazes e colocados em espaços estratégicos da cidade. A experiência foi gravada em vídeo.
 
Mais trabalhos
 
O catálogo de produção foi amplo, dado que as iniciativas podiam ser desenvolvidas nas diversas linguagens do campo profissional, contemplando o jornalismo, a publicidade, o rádio, a TV, as relações públicas e a comunicação popular. Todos os produtos criados atenderam à demanda de ligação direta com a proposta de uma mídia voltada para a igualdade racial. Conheça os demais trabalhos:
 
TV NEABI
 
A jornalista Cláudia Monteiro, a professora Tatiana Paz, o designer gráfico Andy Monroy e o radialista Mykeias Gomes protagonizaram a construção do projeto TV NEABI – Programa audiovisual sobre as relações etnicorraciais no IFCE. A proposta consiste basicamente em uma série de vídeos sobre as relações étnico-raisica com estudante e servidores autodeclarados negros, cotistas raciais e estudantes africanos. A iniciativa é executada em parceria com o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) do Instituto Federal do Ceará (IFCE) e terá implementação nas 17 unidades da instituição de ensino. A iniciativa também terá desdobramento no rádio, através da Universitária FM e de uma rádio comunitária em Aurora.
 
 
Negrê
 
Os estudantes Larissa Carvalho, Raquel Martins e Roger Ribeiro Santos, assim como a jornalista Sara Sousa, desenvolveram o Site Negrê, um portal com conteúdo informativo voltado à igualdade racial. A iniciativa dá espaço para depoimentos de pessoas negras inseridas em diversos setores da sociedade civil, ações de resistência no campo da cultura e narrativas sobre os espaços periféricos de Fortaleza. O espaço integra audiovisual, fotografia e jornalismo.
 
 
Pautas Negras
 
Desenvolver um Guia de Fontes com pesquisadores, artistas, pensadores e outros profissionais negros e negras foi a proposta do grupo formado por Marden Fraga (publicitário), Wolney Batista (jornalista) e Mara Rebouças (jornalista). O intuito é visibilizar questões inerentes ao povo afrodescendente e evidenciar especialistas negros nos mais variados temas. Foram relacionadas autoridades com arcabouço para pensar a temática, já que a imprensa convencional quando não incorre na invisibilidade, acaba retratando o povo negro com olhares e pinceis de preconceito. O espaço irá ajudar a profissionais de comunicação a encontrarem fontes confiáveis de informação.
 
 
Vidas Negras
 
Um série de vídeos com relatos de jovens negros, com idade entre 15 e 29 anos, sobre suas realidade e o enfrentamento ao preconceito racial. São cinco vídeos, cada um abordando um tema. O público é da cidade Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. O primeiro da série, que você pode conferir abaixo, tem como título: Negritude, uma identidade silenciada.
 
Projeto Fotográfico
 
Desenvolver um ensaio com diversas mulheres negras, com o título “Empoderar a Mulher Cearense Negra e Periférica” foi a proposta da equipe formada por Claudiane Lopes, Angélica Chaves, Mairla Freitas, Marília Brizano e Eduardo de Barros. Eles trouxeram 10 mulheres de variadas idades e profissões. A ideia do projeto é montar uma exposição. A iniciativa terá continuidade em forma de ação programada anualmente.
Do outro lado da ponte
 
Construir uma reportagem multimídia foi a escolha do grupo formado pelos jornalistas Raphael Moura, Washington Feitosa, Germana McGregor e Samira de Castro. “Do outro lado da ponte” traz diversas histórias de vida de pessoas negras, de variados espaços e classes sociais. Um médico, uma recepcionista mulher trans, um migrante congolês, e um professor universitário são os personagens da história. O reconhecimento da identidade negra e suas implicações pessoais e coletivas marcam o produto jornalístico.
 
 
Salve quem não tem fé
 
A proposta de construir um filme em processo de desenvolvimento chamado “Salve quem não tem fé” foi a proposição apresentado por David Wilson Pereira da Silva. Ele narrou a sua participação no projeto, que é um documentário sobre a realidade dos terreiros. A iniciativa é produzida no Vila das Artes. O vídeo está no processo de edição final.
 
Experiência transformadora
 
Rafael Mesquita, secretário-geral do Sindjorce e coordenador do curso, explica que é uma alegria muito grande concluir o projeto. O dirigente afirma que a formação é um divisor de águas na trajetória do Sindicato, que realiza o seu primeiro curso de extensão. “O Curso Abdias Nascimento atingiu o seu objetivo ao oportunizar novos projetos e novas iniciativas em comunicação que tenham as questões etnicorraciais e o protagonismo da população negra”, enfatizou.
 
Para Silvia Maria Vieira, coordenadora pedagógica da iniciativa, disse que o curso trouxe visibilidade para a atuação de jornalistas e comunicadores negros na luta pela igualdade racial. “A gente não formou só uma turma de profissionais, nós estamos devolvendo para a sociedade profissionais engajados com a superação do racismo na mídia”, discursou a profissional, que é doutora em educação.

Warning: A non-numeric value encountered in /home/storage/8/f8/9e/sindjorce/public_html/wp-content/themes/Newspaper/includes/wp_booster/td_block.php on line 705

DEIXE UMA RESPOSTA