Mídia Impressa: Patrões propõem novo achatamento salarial com reajuste de 4%

Setenta e seis dias depois de receberam a pauta de reivindicações dos jornalistas, os proprietários de jornais e revistas do Estado romperam o silêncio absoluto e apresentaram uma contraproposta vergonhosa à categoria: 4% de reajuste salarial linear. A oferta dos donos dos jornais Diário do Nordeste, O Estado e O Povo tenta impor novo achatamento salarial aos profissionais do segmento, uma vez que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 9,32%, e empurra a categoria para uma reação a altura.

A contraproposta foi repassada pela assessoria jurídica do sindicato patronal (Sindjornais) à presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), Samira de Castro, em reunião realizada na manhã desta quarta-feira (19/07). A dirigente sindical afirmou que a oferta é inaceitável, um verdadeiro desrespeito aos trabalhadores das redações cearenses, muitos dos quais são premiados nacional e internacionalmente. “Mais uma vez, os empresários querem fazer a categoria pagar pela crise que as próprias empresas ajudaram a criar”, disse a presidente.

De acordo com o economista Gilvan Farias, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o índice de 4% de reajuste representa uma perda salarial de R$ 112,16 no piso salarial do segmento de mídia impressa, hoje em R$ 1.995,71. “Esse percentual impõe os trabalhadores uma cota de sacrifício absurda pois, na prática, terão o poder de compra reduzido. É como se a categoria estivesse pagando para trabalhar”, afirma.

Estado de greve e assembleias por local de trabalho

Em estado de greve desde o dia 5 de julho, as redações dos jornais O Povo e O Estado já realizaram atividades de mobilização ao longo de duas semanas. Em um dos atos na porta do jornal O Povo, os jornalistas e dirigentes sindicais souberam que as equipes do Departamento Comercial da empresa estavam indo comemorar com champanhe o fato de terem batido a meta de vendas de anúncios publicitários.

Vale destacar que a Fundação Demócrito Rocha e o Grupo de Comunicação O Povo, realizam em agosto próximo, mais uma edição do Seminário Futura Trends, com inscrições a preços que vão de R$ 940,00 a R$ 1.300,00 por pessoa. “As empresas estão abdicando de fazer jornalismo para faturar com eventos, seminários e atividades de outra natureza, mas captam recursos com patrocínios utilizando as páginas de seus jornais”, avalia Evilázio Bezerra, diretor de Ação Sindical.

“As empresas jornalísticas alegam crise, mas não publicam seus balanços, numa total falta de transparência com a categoria e a sociedade. Além disso, os próprios colegas dizem que, a cada dia, o espaço editorial é sacrificado para a entrada de anúncios nas páginas dos jornais”, avalia Samira de Castro.

Ontem (18/07), a categoria deliberou por assembleias por local de trabalho na próxima terça-feira (25/07), para aprovação da pauta de reivindicações da Campanha Salarial 207/2018, cuja data-base é 1º de setembro. “Não vamos esperar fechar uma campanha para iniciar a outra. Seguiremos mobilizados”, disse o secretário-geral do Sindjorce, Rafael Mesquita, aos colegas na porta do jornal O Povo.

 


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